Topo

Esse conteúdo é antigo

Barbeiro agride gays em shopping, grava ataques e posta nas redes sociais

O barbeiro gravava as agressões com o celular e depois postava os vídeos nas redes sociais - Reprodução/Redes Sociais
O barbeiro gravava as agressões com o celular e depois postava os vídeos nas redes sociais Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

19/01/2023 18h36

Um barbeiro está sendo denunciado nas redes sociais após ter abordado e agredido homens gays nos banheiros masculinos do Shopping Downtown, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O suspeito, que trabalhava em uma barbearia localizada no shopping, gravava vídeos das agressões e postava as imagens em seu perfil no Instagram, com 12 mil seguidores.

Durante as abordagens, o barbeiro questionava o motivo de estar sendo observado pelo homem e, caso ele julgasse que se tratava de um homossexual, as agressões tinham início, tanto físicas como verbais.

No post publicado por Christian Gonzatti, responsável pela denúncia e administrador do perfil @diversidadenerd no Instagram, há dois trechos de vídeos - editados para preservar a privacidade das vítimas - que se espalharam pelas redes sociais, logo após serem publicadas pelo barbeiro, em seu perfil no Instagram. Em um deles, ele está no banheiro, quando surge um homem e, de forma agressiva, ele pergunta o motivo de "estar sendo observado". Na sequência, ele xinga e agride o homem.

"Sabe quem eu sou?", ele grita. Depois, já no interior da barbearia, ele grava a si mesmo narrando o "desfecho" da história. "Rapaziadinha, o desfecho da história foi que ele correu pro lago ali, tem um chafarizinho, um laguinho. Tentei jogar ele dentro do lago, não caiu, o cara era altão, tá ligado?", afirma o barbeiro no vídeo.

"E, filho, só bati mesmo. Não deu para fazer mais nada. Mas a cara dele tá aí, pô, tá gravada. Eu vou pegar ele pô, para deixar de ser otário. Sabe por quê? Se é meu filho, pô, se é minha filha, tá ligado?", diz.

Em um segundo trecho, outro homem é gravado caído dentro de um elevador, enquanto o barbeiro o agride. O homem grita por socorro. Na legenda, o barbeiro escreve: "Mais um manja, olha comé que nós deixa (sic). Me chamou de ladrão ainda essa m?".

Segundo Gonzatti, as agressões eram premeditadas. "O cara, evidentemente, fez uma isca para esses homens gays", afirma. "Ele fica encarando até eles o encararem de volta e então os agride. Uma forma de externalizar a homofobia fingindo ser um justiceiro social".

Casos não foram notificados

Em nota, a administração do estabelecimento informou que, até o presente momento, não recebeu nenhuma notificação formal a respeito desse caso. "O Downtown tomou conhecimento do ocorrido através de um vídeo postado na internet", afirma o shopping.

"O lojista já publicou uma nota em suas redes sociais, informando o desligamento do colaborador envolvido. O Downtown reforça que repudia qualquer forma de agressão física, verbal, e psicológica", conclui na nota.

Em nota oficial publicada nas redes, a barbearia BarberChopp manifestou repúdio a qualquer tipo de preconceito ou violência. "Após tomar ciência do caso ocorrido nas imediações do Shopping Downtown, o colaborador envolvido não faz mais parte da BarberChopp".

Após a demissão e a repercussão do caso, o barbeiro deletou sua conta no Twitter e tornou seu perfil no Instagram privado. O UOL entrou em contato com ele, em mensagem encaminhada ao seu perfil no Instagram, mas ele não respondeu. O espaço permanece aberto para que ele possa se manifestar.

Em nota, a Polícia Civil do Rio de Janeiro declarou que até o momento não há registro com as características citadas na delegacia da área.

"A Polícia Civil solicita que possíveis vítimas procurem a unidade mais próxima ou acessem a Delegacia Online para registrar a ocorrência, a fim de que os casos sejam investigados e o autor, responsabilizado".