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Aluna da USP que desviou R$ 1 milhão voltará ao curso; colegas se revoltam

Do UOL, em São Paulo

17/02/2023 15h04Atualizada em 17/02/2023 18h47

A estudante Alicia Dudy Muller Veiga, 25, vai voltar a frequentar as aulas do curso de medicina na USP no fim deste mês. Ela confessou o desvio de R$ 937 mil da comissão de formatura.

Alicia tinha trancado o curso no dia 24 de janeiro, após a repercussão do caso. Ela está no quinto ano do curso e reativará a matrícula para retornar à faculdade no dia 27 de fevereiro, informou seu advogado Sérgio Ricardo Stocco.

A diretoria da faculdade convocou uma reunião com a turma para informar sobre o retorno de Alicia nesta manhã. Questionada, a USP informou que o trancamento ou reativação de matrícula "é uma decisão exclusiva de qualquer aluno da instituição."

Alunos ouvidos pela reportagem relataram que o clima é de revolta com o retorno. Reclamam que a faculdade não abriu uma sindicância para apurar o caso. A USP diz que a condução da investigação da fraude cabe às autoridades competentes na esfera criminal.

A estudante foi convidada por professores para voltar devido ao seu trabalho de pesquisa, diz sua defesa. Alicia ajudava médicos já formados em fase de especialização, conforme mostrou reportagem do UOL. O médico que estava muito atarefado com o plantão entregava a ela, considerada "fora da curva", parte da pesquisa, como coleta de material para doutorado.

Alicia deverá ter contato com pacientes quando retornar à faculdade. Nos últimos dois anos do curso, os estudantes têm aulas mescladas com atividades práticas.

O advogado diz que Alicia teme a reação dos colegas em seu retorno.

Estou elaborando um documento para enviar a USP informando que, enquanto ela estiver nas dependências da universidade, a responsabilidade sobre ela é deles e da polícia do campus."
Advogado Sérgio Ricardo Stocco

Os colegas de turma afirmam que Alicia está recebendo "tratamento privilegiado" após o episódio. Ela recebe atendimento psicológico e psiquiátrico, fato confirmado por seu advogado.

Os alunos alegam que a opção não foi oferecida para aqueles que sofreram com o golpe financeiro arquitetado por ela. A faculdade diz fornecer apoio e orientação a todos os alunos.

Ministério Público discordou de pedido de prisão. O promotor não concordou com o crime atribuído pela polícia à estudante. O inquérito foi devolvido ao 16º Departamento de Polícia e, desde então, o caso não teve desdobramentos, diz o advogado.

O MP acredita que Alicia se enquadra no artigo 171 do Código Penal, que consiste na prática de golpes. Neste caso, a pena varia de um a cinco anos de prisão.

Já a polícia considerou que a estudante cometeu nove vezes o crime de apropriação indébita. Com pena prevista de um a quatro anos por cada crime, ela poderia ser condenada a até 36 anos de prisão.

O advogado protestou contra o pedido de prisão preventiva. Ele afirmou na ocasião que a medida só poderia ser solicitada em caso "excepcional".