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'Me sinto marcado', diz jovem que denunciou médico por estupro

Jovem de 20 anos procurou delegacia após sair da sala de consulta; ele contou que foi estuprado por médico - Reprodução/Google Street View
Jovem de 20 anos procurou delegacia após sair da sala de consulta; ele contou que foi estuprado por médico Imagem: Reprodução/Google Street View

Do UOL, em São Paulo

17/02/2023 04h00Atualizada em 17/02/2023 16h23

O jovem de 20 anos que denunciou um médico de Maceió por estupro durante uma consulta tenta se recuperar do trauma dias após registrar boletim de ocorrência contra o suspeito.

Em entrevista ao UOL, o rapaz, que sofreu a violência no sábado (11), disse que contou com uma rede de apoio de amigos e familiares para dar seguimento à denúncia e para tentar recuperar o bem-estar psicológico após o crime.

"Nos primeiros dias, me sentia destruído, não conseguia fazer mais nada, além de pensar no que aconteceu e chorar. Sinto que isso vai me acompanhar pelo resto da minha vida, sei que não será na mesma intensidade, mas me sinto marcado permanentemente", afirmou.

À polícia, a vítima contou que o médico cometeu o estupro o penetrando após alegar que faria um exame de toque para avaliar se ele tinha herpes. Após a reação, o suspeito passou entre 15 e 20 minutos tentando convencê-lo a não denunciar o crime, ainda segundo o registro.

"Só queria sair dali. A consulta demorou cerca de 40 minutos. Em certo momento meu acompanhante, que estava do lado de fora, chegou a me ligar, durante a consulta, preocupado com a demora", recorda.

O jovem conta que na UPA do Jaraguá, local no qual o crime foi registrado, ele recebeu o acolhimento de outros profissionais de saúde, que também estranharam a demora na consulta.

O desafio, porém, foi encontrar um espaço que tivesse o protocolo aconselhado para receber homens vítimas de abuso sexual.

"Há certo despreparo da rede de saúde em lidar com as vítimas quando elas são homens e acima de 12 anos. Fui exaustivamente transferido de serviço em serviço, sem que ninguém soubesse ao certo para onde eu deveria ir", recorda. Ele conseguiu atendimento adequado no Hospital da Mulher da capital.

O ocorrido afetou diretamente a vida universitária do jovem, que perdeu projetos e compromissos estudantis por não conseguir cumprir os prazos.

O estudante conta que ainda não focou em como a vida pessoal dele foi afetada e que lida com o medo. "Agora, apesar do medo, sei que preciso seguir em frente para que ele seja punido e não possa fazer isso com mais ninguém", afirma.

Defesa nega acusações

Ao UOL, o advogado Victor Albuquerque afirmou que a defesa "confia no trabalho da polícia e que no transcorrer do inquérito tudo será esclarecido para sociedade alagoana, destaca-se ainda que existem diversos documentos probatórios que comprovam o contrário do alegado pela suposta vítima, inclusive gravações".

"Por fim, a defesa afirma que confia que a justiça será feita e se coloca a disposição para o esclarecimento de quaisquer dúvidas", afirmou.