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Empresária acordou com troncos invadindo casa em praia de SP: 'Tive sorte'

Até a enxurrada do fim de semana, o fundo da casa de Malu era repleto de árvores - Arquivo pessoal
Até a enxurrada do fim de semana, o fundo da casa de Malu era repleto de árvores Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

23/02/2023 04h00

A falta de energia fez a empresária Maria Lucia Ramalho, 63, ir dormir sem saber o final do filme transmitido na televisão. O estrondo de troncos arrebentando as paredes do primeiro andar da casa de veraneio serviu de despertador. Era 6h30 de domingo e Malu custou a processar o que acontecia em Toque-Toque Grande, praia de São Sebastião (SP).

Acordei com troncos entrando em minha casa.

Eram muitas informações desconcertantes: carros empilhados na parte de baixo da rua, postes caídos junto a novelos de fios de luz e galhos por todas as partes, inclusive na sala e na cozinha. Foi o resultado do maior temporal da história do Brasil. Ela deduziu o que aconteceu e agradeceu. "Tive sorte por estar viva."

Malu estava com o marido, a irmã e a cunhado —todos ficaram ilhados. Galhos e entulho bloqueavam a parte externa das portas e o córrego que passava atrás da casa virou rio.

A família deu um jeito de passar por um buraco junto à escada no segundo andar e ganhou as ruas. As conversas com os vizinhos ajudaram a mensurar o tamanho do estrago. Ele era tão grande que a associação de moradores organizou grupos para sair em buscas por Toque-Toque Grande —o marido foi um dos voluntários. O vizinho usou a caminhonete 4x4 para arrastar tronco que bloqueavam as ruas.

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Caminhonete arrastada pela enxurrada em São Sebastião no final de semana
Imagem: Arquivo pessoal

A situação em Toque-Toque Grande era de desinformação e temor. Não havia celular, internet ou acesso a outros locais. As pessoas já estavam revezando garrafas d'água para todos terem de beber.

Malu foi para casa onde estava o afilhado Martim Nogueira Batista, 41, que sofreu menos com a enxurrada. A empresária fez companhia a uma idosa resgatada de caiaque e que ficou com pressão baixa por causa do susto.

Na segunda-feira (20), parte das estradas foram desbloqueadas e eles conseguiram ir embora. Martim usou uma picareta para tirar troncos, lama e pedras da porta da garagem. O Ford Ka da namorada dele estava avariado, mas pegou. A viagem foi com um ruído estranho no veículo, medo de ficar pelo caminho, mas o casal chegou a São Paulo.

A madrinha seguiu de carona até uma locadora de carros entre Toque-Toque Grande e São Paulo. Maria Lucia alugou um carro e seguiu para a capital. Chegando, ligou para o irmão. Emocionado, ele chorou quando viu Malu após a tragédia.