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Grupo resgata mais de 100 animais no litoral norte: 'Todos com muita fome'

Porca foi resgatada em residência onde membro da família morreu devido aos deslizamentos - Arquivo pessoal
Porca foi resgatada em residência onde membro da família morreu devido aos deslizamentos Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

25/02/2023 04h00Atualizada em 25/02/2023 09h40

Machucados e com muita fome. É assim que um grupo de voluntários está encontrando os animais que foram vítimas dos deslizamentos e alagamentos decorrentes das chuvas que ocorreram no litoral norte de São Paulo e deixaram ao menos 57 pessoas mortas.

Desde segunda-feira (20), o Grad (Grupo de Resgate de Animais em Desastre) tem trabalhado para encontrar - com vida - bichinhos de estimação que muitas vezes ficaram para trás no meio do desastre. Mais de 100 animais já foram localizados, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo).

As equipes estão atuando em três regiões: Barra do Sahy, Boiçucanga e Juquehy. "Chegamos nos locais para entender como estava o cenário e já realizamos o primeiro resgate no final do dia. O que pudemos perceber é que a situação é bem semelhante à de Petrópolis no ano passado", explicou ao UOL o coordenador e médico veterinário Enderson Barreto.

A organização é composta por voluntários de diferentes áreas que buscam promover ajuda aos animais em catástrofes humanitárias. Eles atuaram no rompimento de barragem de Brumadinho em 2019, bem como nos incêndios do Pantanal, em 2020.

"Já tem um tempo que atuamos nesse cenário e nunca as condições são fáceis. É concomitante com as equipes de resgate, em que se procura os animais e os corpos das famílias", afirma Enderson.

Até ontem, a equipe resgatou 40 cães e 22 gatos na Barra do Sahy e 20 animais receberam auxílio em Boiçucanga. Além disso, quatro gansos, seis patos, uma porca e 21 sapos foram realocados.

"Todos os animais têm sido encontrados com muita fome. Alguns com escoriações, feridas, problemas de pele, ou problemas oculares, em virtude da lama. Nós damos toda a assistência, independentemente da espécie", diz o veterinário.

cachorro - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Animais recebem primeiros socorros e depois vão para abrigos
Imagem: Arquivo pessoal

A equipe conta com o apoio do Instituto Felipe Becari, onde estão animais para adoção, e do Instituto Verdescola, onde alguns deles estão sendo abrigados.

"Eles passam por uma triagem, um protocolo básico. Vão para uma clínica e são posteriormente abrigados. Tentamos procurar o histórico deles para saber se tem tutor vivo ou ainda se a família quer colocá-los para a doação porque não tem mais condições de cuidar."

Entre os resgates realizados por Enderson, um caso na Barra do Sahy foi um dos mais marcantes. Segundo ele, um dos integrantes da família foi quem acionou o Grad para o resgate. O avô do tutor dos animais morreu no local e era a primeira vez que ele retornava à casa desde a tragédia.

Começou a trovejar e ele entrou em pânico. Tínhamos que caminhar mais de meia hora em uma lama que estava na altura da cintura, afundando. Chegamos lá, tinham vários animais. Dos quatro cães, encontramos apenas um com vida. Tinha a Pepa, uma porca, e mais gansos. Resgatamos todos e remanejamos para um lugar seguro. Ali, também vimos que tinham patos que ficaram presos em uma piscina e não conseguiam sair de lá. Resgatamos eles também. Veterinário Enderson Barreto.

Famílias que ainda não encontraram os animais podem acionar o Grad pela página do Instagram da organização.

A ONG necessita de doações de alimentos, remédios e itens de higiene para os animais. Elas podem ser feitas nas unidades do Poupatempo e estações do Metrô e da CPTM. Os materiais estão sendo encaminhados pelo Fussp (Fundo Social de São Paulo) à Escola Municipal Patrícia Viviani, no bairro Topolândia, em São Sebastião.