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Tenho medo de sair, diz mãe internada à força pela filha em clínicas no RJ

A idosa Maria Aparecida de Paiva, de 65 anos, foi sequestrada e internada à força em duas clínicas psiquiátricas pela filha Patrícia de Paiva Reis, no Rio de Janeiro - Reprodução/TV Globo
A idosa Maria Aparecida de Paiva, de 65 anos, foi sequestrada e internada à força em duas clínicas psiquiátricas pela filha Patrícia de Paiva Reis, no Rio de Janeiro Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

01/03/2023 17h57Atualizada em 02/03/2023 06h36

A idosa Maria Aparecida de Paiva, 65, sequestrada e internada à força pela filha em duas clínicas psiquiátricas no Rio de Janeiro, disse que é "muito difícil" passar por essa situação. O relato foi dado à TV Globo.

Patrícia de Paiva Reis e Raphael Machado Costa Neves são suspeitos de terem sequestrado e internado a mãe dela. Maria ficou mais de 15 dias internada sem qualquer necessidade médica.

O que aconteceu:

  • Na entrevista, Maria disse que a filha já chamou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para tentar interná-la em uma clínica psiquiátrica, mas não foi constatada a necessidade de internação.
  • Depois do caso, a idosa explicou que registrou um boletim de ocorrência e pediu medida protetiva, o que foi negado pela Justiça.
  • Maria também contou que fez um relatório dentro de uma das clínicas afirmando não ter motivo para ficar internada -- ela não disse em qual das clínicas isso aconteceu.
  • Uma cópia do relato foi entregue à psicóloga do local, que disse que repassaria para a equipe em reunião, porém a idosa não teve retorno.

É muito difícil [passar por isso]. Hoje eu tenho medo de sair na rua. Estou tentando me recompor, procurando um advogado para me orientar sobre isso tudo porque eu tô sem advogado."
Idosa internada à força pela filha

Segundo a emissora, o filho de Patrícia e Raphael, de 2 anos, foi levado para um abrigo da prefeitura do Rio de Janeiro. A criança tem deficiência. Patrícia tem outro filho, de 9 anos, mas não informado com quem o menor estaria.

O UOL tenta contato com a Secretaria de Assistência Social do Rio de Janeiro. A matéria será atualizada em caso de retorno.

Entenda o caso

  • A idosa foi sequestrada na zona sul da capital no dia 6 de fevereiro.
  • A abordagem ocorreu quando ela saía de uma agência bancária e foi rendida por dois homens, que a colocaram em uma ambulância.
  • Após ser rendida, a idosa achou ser vítima de uma "saidinha de banco" ou sequestro-relâmpago, mas um dos criminosos disse que "era coisa de família" e ela entendeu que o crime seria a mando da filha.
  • A mulher foi internada em uma clínica psiquiátrica Vista Alegre em Corrêas, na região serrana do estado. Depois, ela foi transferida para a clínica Revitalis, na mesma região.
  • Após resgate da idosa, a dupla foi presa e a Justiça converteu a prisão em flagrante do casal em preventiva (por tempo indeterminado).
  • Leia aqui os detalhes do relato da idosa à polícia.

O que dizem as clínicas

Em nota, a clínica Revitalis afirmou que a idosa foi transferida de outra clínica psiquiátrica para o local e disse que Patrícia solicitou a internação da mulher afirmando que ela tinha histórico depressivo e de confusão. A clínica nega que a paciente tenha oferecido resistência ou se recusado a permanecer em tratamento.

"Após avaliação médica e entrevista com familiar foi identificada a necessidade de observação para conclusão diagnóstica mais precisa. Em 5 dias na clínica, com abordagem multidisciplinar da equipe, foi constatado que a paciente não mais apresentava indicação de internação", afirma o posicionamento.

Já a Clínica Vista Alegre disse que sua estrutura "não possui quartos sem janelas" e são oferecidas "seis refeições ao dia para todos os pacientes desde o início do tratamento".

Leia o posicionamento completo da Clínica Vista Alegre abaixo:

"A Clínica Vista Alegre oferece há mais de 70 anos um serviço de excelência, com especialização em tratamentos de psiquiatria e dependência química. Realizamos em todos os nossos pacientes um tratamento humanizado, liderado por uma equipe multidisciplinar e qualificada.

Todos os pacientes são examinados por médicos especializados e alguns laudos possuem um período maior de conclusão.

Estamos colaborando com as autoridades para que essa situação seja esclarecida o quanto antes."

A reportagem procurou a defesa de Patrícia e Raphael, e aguarda o retorno.