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Mães se unem para que Tarcísio recrie programa social extinto em dezembro

08.fev.2021 - Estudantes em sala vazia na volta às aulas após pico da pandemia de covid-19 - Rubens Cavallari/Folhapress
08.fev.2021 - Estudantes em sala vazia na volta às aulas após pico da pandemia de covid-19 Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

09/03/2023 04h00

Um grupo de mais de 1.400 mães tenta reverter o fim do programa Bolsa do Povo Educação - Ação Responsáveis. Elas entraram no programa entre outubro de 2021 e junho de 2022 e reclamam que não foram avisadas previamente sobre o fim dele —estão sem receber desde janeiro.

O programa do Governo de São Paulo pagava R$ 500 por mês a pais de alunos da rede estadual para que eles trabalhassem nas escolas dos filhos. Ele foi criado em 2021 para combater problemas socioeconômicos da pandemia de covid-19 e encerrado em dezembro do ano passado.

Após buscar esclarecimentos junto a diversas secretarias, sem sucesso, o grupo passou a pedir explicações nos comentários de publicações feitas pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). A mobilização envolve mães que vivem na capital e no interior de São Paulo —e também familiares.

Até o momento, não há previsão de retomada do programa. Procurada pelo UOL, a Secretaria da Educação de São Paulo afirmou que a Bolsa do Povo Educação tinha 9.000 beneficiários e foi encerrada em 31 de dezembro.

Publicada em 29 de junho do ano passado, a Resolução Nº 54 da pasta definiu que o programa seria encerrado em 30 de dezembro —entre outras medidas.

À reportagem, a secretaria afirmou que, como o fim do programa estava previsto pela resolução, não houve um aviso específico para os beneficiários.

A atual gestão da Seduc-SP vai contratar mais de 7 mil Agentes de Organização Escolar (AOE), que atuarão de acordo com a necessidade de cada escola, contribuindo com a gestão escolar na organização de atividades. Estes profissionais também poderão realizar as funções que foram atribuídas aos responsáveis por meio do Bolsa do Povo - Ação Responsáveis."
Secretaria da Educação, em nota enviada ao UOL

Além da educação, o programa Bolsa do Povo foi criado para atender frentes assistenciais nas áreas de esporte, habitação, qualificação profissional, saúde e trabalho.

Grupo fazia busca de alunos que não estavam na escola

As mães que integravam o programa desempenhavam diferentes tarefas na escola, como:

  • Ir atrás de estudantes que estivessem fora da escola --a chamada busca ativa.
  • Higienizar ambientes e orientar alunos sobre uso de máscara e álcool gel no auge da pandemia.
  • Acolher crianças e adolescentes com sinais de ansiedade e de abusos moral e sexual.
  • Ajudar agentes escolares na entrada e saída de alunos, entre outras funções.

Participante do programa, Patrícia Nieto trabalhava na Escola Estadual André Gallicho, na Mooca, zona leste da capital paulista. No local, desenvolveu um projeto no qual exibia filmes para as turmas com salas mais limpas e organizadas.

Nós nos tornamos apoiadores dos demais serviços dos agentes escolares, onde muitas vezes éramos extremamente úteis, pois havia defasagem de funcionários."
Camila de Almeida Ribeiro, mãe que integrava programa

As mulheres que participavam da iniciativa relatam que usavam a bolsa para pagar contas de água e luz e comprar alimento para os filhos, entre outras finalidades. Com o fim do programa, várias acumularam dívidas e passaram a viver de doações.

Muitas de nós estamos desempregadas, pois a maioria é mãe solo, o que dificulta muito entrar no mercado de trabalho."
Rita de Cássia, mãe que integrava o programa