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Explosão de panela de fondue levanta alerta: álcool em gel é seguro?

Juliana Maddeira teve 10% do seu corpo queimado após explosão com uma panela de fondue  - Arquivo Pessoal
Juliana Maddeira teve 10% do seu corpo queimado após explosão com uma panela de fondue Imagem: Arquivo Pessoal

Do UOL, em São Paulo

03/05/2023 15h56Atualizada em 03/05/2023 15h56

A DJ Juliana Maddeira, 28, teve 10% do seu corpo queimado após uma explosão de panela de fondue em casa no Rio de Janeiro. O acidente ocorreu após ela aplicar álcool em gel "insistentemente com o objetivo de aumentar a chama", em junho de 2022.

Juliana sofreu queimaduras de 3º grau, ficou 40 dias internada no hospital e precisou passar por 21 cirurgias. Em relato ao UOL, ela afirmou que via que o fogo "muitas vezes parecia mais baixo" e que, por isso, tentava aumentar a chama com o objetivo de continuar aquecendo a comida. No entanto, o jantar foi interrompido pela explosão.

O major Fábio Contreiras, do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, alerta que, apesar do uso do álcool em gel ser o mais recomendado para a estrutura, é necessário levar em conta alguns cuidados na hora de manuseá-lo.

A utilização de álcool em gel é mais segura em comparação com o álcool líquido - que não é recomendado. O ideal é acender a estrutura logo depois que se coloca o álcool em gel no recipiente, pois como é volátil, com o passar do tempo, vai se criando uma atmosfera com o vapor do álcool em volta do recipiente, o que pode ocasionar a combustão do vapor ao aproximar uma chama ou centelha. Major Fábio Contreiras.

O uso deste combustível no rechaud — estrutura utilizada para aquecimento de alimentos — é capaz ocasionar a formação de uma chama azul, que muitas vezes pode ser interpretada como fogo baixo. No entanto, o fenômeno nada mais é que uma reação que comprova que o alimento está sendo aquecido.

A chama azul é obtida sempre que existe uma mistura ar-combustível adequada, ou seja, quando existe oxigênio suficiente para consumir o combustível, produzindo gás carbônico e água. Isso não significa que a chama não esteja quente e com risco de queimaduras. Major Fábio Contreiras.

O álcool em gel ainda libera vapores inflamáveis, que geralmente ficam próximos da superfície viscosa do gel. Quando essa "nuvem de vapor" entra em contato com a chama do fogareiro, pode ocorrer uma explosão, atingindo o corpo de quem está próximo da estrutura.

Muitas vezes não é necessário que o gel em si toque a chama. Quando esse contato da nuvem com a chama acontece, a chama "corre" em direção ao combustível que foi inserido, no caso a quantidade adicional de gel. Major Fábio Contreiras.

Como se prevenir?

Não é recomendado reabastecer o combustível sobre ou sob a chama do rechaud — o certo é garantir que a chama esteja completamente apagada para que se faça um novo abastecimento;

O ideal é fazer a limpeza completa do queimador para depois colocar uma nova quantidade de álcool em gel. Sendo assim, uma opção é ter um segundo queimador para ir revezando durante a refeição;

Além do álcool em gel, há também a possibilidade de utilizar pastilhas de álcool sólido como combustível, velas especiais próprias para rechaud ou até mesmo uma panela elétrica para fondue.

Se ocorrer um acidente, acione os socorristas. Até lá, a medida principal é procurar, imediatamente após a queimadura, resfriar a pele, sempre com água corrente a temperatura ambiente. Como cuidados locais, retire anéis e pulseiras das áreas queimadas e cubra-as com gaze estéril seca. Major Fábio Contreiras.