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Fuga cinematográfica e bombas: mega-assalto mobiliza 350 policiais em MT

Criminoso morto usava sacos nos pés para não deixar vestígios em fuga por área de mata no Tocantins - Reprodução da internet
Criminoso morto usava sacos nos pés para não deixar vestígios em fuga por área de mata no Tocantins Imagem: Reprodução da internet

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/05/2023 12h41

Quase um mês depois da tentativa feita por um grupo de criminosos de assaltar o cofre de uma empresa transportadora de valores em Confresa (MT), 350 policiais de cinco estados ainda estão na caçada aos bandidos, que utilizam táticas de guerrilha para escapar das forças de segurança.

O que sabe do caso até agora:

Cerca de 30 criminosos já percorreram a pé mais de 100 km entre as cidades de Pium e Marianópolis, no Tocantins, onde parte deles segue em fuga após a tentativa de assaltar o cofre da empresa de segurança Brinks. A caçada aos bandidos completa quatro semanas, com as rodovias da região cercadas pelas forças policiais.

Os envolvidos no mega-assalto usaram sacos de fibra nos pés para não deixar vestígios na área de mata. A polícia descobriu o método porque um suspeito morto em confronto foi encontrado usando a proteção.
Os criminosos usariam roupas semelhantes às do Exército para se camuflar na vegetação e se esconder dos policiais.

A força-tarefa para capturar os criminosos envolve 350 policiais de Mato Grosso, Goiás, Pará, Minas Gerais e Tocantins.

Até o momento, pelo menos 15 bandidos já foram mortos e outros cinco criminosos estão presos — dois por participação direta no mega-assalto e os outros três por ajudá-los na fuga. No total, a polícia já realizou 11 confrontos diretos com o grupo.

A maior parte da quadrilha é formada por pessoas vindas de São Paulo. Nove dos 14 suspeitos identificados são paulistas —entre eles, dois que estão presos. Três homens mortos ainda não foram identificados pela polícia, que não revelou os nomes daqueles que tiveram a identidade confirmada pelas autoridades. Todos eles têm antecedentes criminais, segundo a polícia.

No mega-assalto, os bandidos adotaram a tática de "domínio de cidades". A ação é um avanço em relação ao "novo cangaço" por ser mais perigosa e planejada.

Os criminosos ficaram por cerca de 15 dias em casas alugadas no interior do Pará antes de atacar Confresa (MT). Segundo agentes que apuram o caso, foi onde a quadrilha preparou os últimos detalhes para colocar o plano em prática.

Como foi o ataque

Por volta das 10h30 do dia 9 de abril, dois carros pretos com os criminosos dentro saíram de Redenção (PA) com destino a Confresa. Eles chegaram ao local do assalto na parte da tarde, onde outros criminosos já estavam à espera do grupo. Lá, eles se dividiram e deram início ao ataque, com cenas de terrorismo.

Primeiro, uma parte do grupo foi até o quartel militar da cidade, onde efetuou dezenas de disparos e incendiou um carro. O ataque na sede da PM de Confresa durou cerca de 10 minutos.

Outros criminosos destruíram o transformador de energia para dificultar a comunicação entre os agentes e impedir a transmissão das câmeras de segurança.

Em seguida, atacaram a sede da Brinks — explodindo o muro. Já dentro da empresa, eles tentaram derrubar a porta que dá acesso ao cofre com duas bombas, mas não conseguiram. Os bandidos queriam roubar cerca de R$ 30 milhões, segundo o site Repórter MT.

Após a tentativa de assaltar a empresa, os criminosos espalharam o terror por Confresa, com diversos tiros disparados pelas ruas. Um morador foi atingido enquanto retornava do trabalho.

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Imagem: Arte/UOL

Bandidos fortemente armados

O ataque em MT foi planejado por 2 anos e teve um investimento de mais de R$ 2 milhões. A informação foi obtida pela reportagem do UOL junto a fontes ligadas à investigação com base no relato de um suspeito preso.

O grupo estava fortemente armado. Os policiais apreenderam metralhadoras capazes até de abater helicópteros. Também foram localizados fuzis de outros calibres, farta quantidade de munição, coletes balísticos e até capacetes à prova de balas.

Conforme Antônio Onofre Oliveira da Silva Filho, delegado da DEIC em Paraíso (TO), o grupo estava "preparado para o confronto com as forças de segurança". "[Eles possuem] calibres comumente utilizados em guerra", declarou em entrevista ao Fantástico.

O delegado destacou que com os criminosos foram apreendidas armas que somente a Polícia Militar do Estado de São Paulo tem acesso. Em nota, o governo paulista informou que a investigação sobre o roubo dessas armas está em sigilo.

Para o secretário de Segurança Pública de MT, César Augusto de Camargo Roveri, o que os criminosos fizeram na cidade "foi terrorismo". "Estamos falando de armamentos de guerra, que são os fuzis .50, veículos blindados e explosivos", diz o secretário ao Fantástico.