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Policial que matou colegas se define como 'monstro' e conta que se algemou

O policial civil Antonio Alves Dourado, que matou quatro colegas em uma delegacia no Ceará, passou por audiência de custódia - Reprodução
O policial civil Antonio Alves Dourado, que matou quatro colegas em uma delegacia no Ceará, passou por audiência de custódia Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

16/05/2023 17h44Atualizada em 16/05/2023 22h32

Em audiência de custódia, o inspetor Antônio Alves Dourado, preso na madrugada de domingo (14) pelo assassinato de quatro colegas de plantão na delegacia de Camocim (CE), a 353 km da capital Fortaleza, se definiu como "monstro" e disse ter sido vítima de assédio.

O que aconteceu

O atirador assumiu ser o autor dos assassinatos e disse ter sofrido perseguição no ambiente de trabalho. "Uma informação dessas [a suposta perseguição] pode evitar que outros monstros cresçam dentro da instituição e ceifem a vida de pais de família", afirmou, na audiência de custódia

Após cometer os crimes, ele contou ter se algemado por conta própria para só então ser detido. O inspetor teve prisão em flagrante convertida ontem para preventiva pela Justiça cearense.

Dourado falou ter sido "punido" pela instituição após fazer uma denúncia há dez anos sobre as condições de trabalho. Ele usou esse argumento para tentar justificar o crime.

Fiquei seis meses sem ter final de semana com minha família."
Antônio Alves Dourado, inspetor da Polícia Civil, ao se referir à escala de trabalho de 2013, na audiência de custódia

O inspetor também disse que chegou a ser transferido em duas ocasiões para delegacias em outras cidades. "Chegava às 20h em casa, sem direito a convívio com os filhos".

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública do Ceará não respondeu aos questionamentos da reportagem. O UOL não localizou a defesa de Dourado.

O que se sabe sobre o caso

Três dos policiais civis mortos estavam dormindo quando foram baleados. A quarta vítima estava de plantão enquanto os colegas dormiam.

O atirador chegou em uma moto ao local do crime por volta das 4h40 de domingo. Em seguida, teria entrado escondido pelos fundos e subido para o primeiro andar.

Lá, o suspeito teria encontrado um plantonista, o escrivão Antônio Cláudio dos Santos. Ele fazia a segurança do restante da equipe, que estava dormindo. O UOL apurou que Cláudio pulou do primeiro andar para o térreo para tentar fugir, mas foi atingido pelas costas. Ele morreu.

Em seguida, o suspeito teria atirado contra os três que dormiam em redes nos dormitórios, no térreo da delegacia. Antônio José Rodrigues Miranda, Francisco dos Santos Pereira e Gabriel de Souza Ferreira não resistiram aos ferimentos.