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Homem faz tatuagem do submersível que implodiu: 'Não fiz pensando em meme'

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/06/2023 12h21Atualizada em 23/06/2023 13h04

O empresário capixaba Wilber Bottocim, 33, fez uma tatuagem do submersível Titan na manhã de ontem, horas antes da Guarda Costeira dos EUA declarar que os cinco tripulantes estavam mortos. As imagens da tatuagem repercutiram nas redes sociais.

O que aconteceu?

Tatuagem do submersível Titan na perna. O tatuador Marcelo Venturini afirmou que está fazendo o preenchimento da perna de Wilber com tatuagens na temática fundo do mar, quando teve a ideia de marcar para sempre o Titan na pele do cliente. O estúdio de tatuagem fica em Vila Velha (ES).

"Estou fazendo o fechamento da perna [do cliente] com tema fundo do mar e já iríamos colocar um submarino. Vi as notícias, o lance do submarino e falei 'ah, vamos colocar esse submarino, ver o que está acontecendo, de ficar na história, vamos registrar'. E colocamos", contou Marcelo ao UOL.

Wilber conta que topou a ideia na hora. "A sugestão [veio] numa hora boa. Não é uma coisa de se comemorar a tragédia, mas futuramente, alguma coisa repercutir [eu falar] 'pô, tatuei esse submarino'. Minha intenção já era fazer um submarino, eu nem imaginava que ia repercutir", disse o empresário.

"Quando ele estava tatuando a gente falou que seria a primeira tatuagem do submarino", comentou. Ele já tem tatuagens de tubarão, água viva, polvo, tartaruga, peixes, e agora diz que falta apenas uma onda.

1 - Marcelo Venturini/ Arquivo pessoal - Marcelo Venturini/ Arquivo pessoal
Tatuagem do Titan demorou cerca de duas horas para ser concluída
Imagem: Marcelo Venturini/ Arquivo pessoal

O tatuador nega ter feito graça com o acontecimento. "[É] Muito triste essa situação. Em nenhum momento que fiz a tatuagem foi pensando em meme, em resultado negativo. Primeiro nós fizemos para registrar o fato que já estava acontecendo. Íamos colocar mesmo a imagem de um submarino e colocamos ele [o submersível Titan]".

Marcelo tinha expectativa de que os tripulantes fossem encontrados. "Há sempre esperança. Achei até que fosse virar um filme, a questão de achar as pessoas e todo mundo sair feliz, mas depois veio a notícia que acharam partes [do submersível]. Mas já tinha feito também, já registramos".

Repercussão

Assim que finalizou os trabalhos, Marcelo publicou em sua conta do Instagram a imagem da tatuagem do Titan. As fotos acabaram repercutindo e ele começou a receber comentários negativos.

Marcelo optou por excluir a publicação em menos de 24 horas: "Tirei da minha página porque estavam vindo uns comentários e isso traz energia negativa, não é legal, não é essa a intenção. Só queria mostrar meu trabalho. O rapaz só quis registrar, ninguém brincou nem zoou, pelo contrário, a situação é triste".

"O pessoal está bem crítico. [...] Fico observando as pessoas comentando 'ah, não sei quantos naufragados e não homenageia, não faz campanha do câncer'. As pessoas que mais criticam são as que menos fazem as coisas. Ao invés de criticar, por que não pega e faz uma coisa de bom?", questionou Wilber.

Ocupantes de submersível morreram

Em comunicado oficial ontem, a OceanGate, responsável pelo submersível, admitiu que os cinco ocupantes da embarcação morreram. A admissão foi feita minutos antes de uma entrevista coletiva da marinha norte-americana, logo após os familiares dos ocupantes serem comunicados.

O contra-almirante Paulo Hanken afirmou que não havia esperança de encontrar passageiros com vida.

Destroços são consistentes com perda catastrófica de pressão da cabine, explicou o almirante John Mauger, da Guarda Costeira dos Estados Unidos.

A Guarda Costeira explicou que encontrou cinco grandes partes do submersível. "Nos disseram que esses eram os destroços do Titan [o submersível]. Primeiro, encontramos a ponteira sem o casco pressurizado. Essa foi a primeira indicação de que houve um evento catastrófico." Também foram achados destroços do submersível a 3,2 km de profundidade e a cerca de 480 metros do Titanic.

Os oficiais esclareceram que o mapeamento de destroços vai continuar. "Faremos o nosso melhor para descobrir o que aconteceu". Veículos de operação remota continuarão operando no fundo do mar.