Caixão de chumbo e triagem em estádio: como foi a tragédia com o césio-137
A Polícia Civil e a Comissão Nacional de Energia Nuclear estão investigando o furto de duas fontes de césio-137, que desapareceram de uma mineradora em Nazareno (MG). Em 1987, a substância causou o acidente radioativo mais grave da história do Brasil.
Por que material é radioativo?
O césio-137 emite raios gama, radiação ionizante muito perigosa, que pode penetrar profundamente no corpo.
Os raios gama podem retirar elétrons dos átomos de organismos vivos, danificando células e DNA.
Como foi o desastre de 1987?
Em 1987, na cidade de Goiânia, o césio-137 foi responsável pela maior tragédia radioativa do país. Na época, uma clínica com um aparelho de radioterapia foi abandonada e o material não foi descartado da maneira correta.
A peça estava abandonada desde meados de 1985 e foi encontrada por dois catadores de lixo, que a venderam em um ferro-velho. Durante a desmontagem, eles chegaram até a cápsula que armazenava 19 gramas de césio-137, que, administrado dentro da máquina, emitia radiação controlada para matar células cancerígenas. Fora do recipiente de chumbo, o pó altamente solúvel e de fácil dispersão é letal.
À medida que os pedaços da máquina eram vendidos para outros ferros-velhos, aumentava o número de pessoas que reclamavam de náuseas, vômito e diarreia. Também houve fascínio de pessoas pelo brilho emitido pelo material, o que disseminou ainda mais a contaminação direta.
Goiânia ficou 16 dias contaminada com o césio sem saber e dezenas de pessoas tiveram contato direto com o material radioativo. Quatro pessoas morreram, enquanto cerca de 6.500 pessoas foram atingidas com algum grau de radiação e outros 249 casos registraram contaminação mais grave.
Os dois terrenos em que as cápsulas foram abertas, a casa dos catadores Roberto e Wagner e o ferro-velho, foram demolidos. As pessoas que foram contaminadas ou que tinham a possibilidade de ter tido contato com o material passaram por triagem no Estádio Olímpico de Goiânia. No total, 112 mil pessoas passaram por lá.
As vítimas foram enterradas em caixões de chumbo de 700 kg. Os túmulos foram revestidos de concreto e colocados no local mais afastado possível do Cemitério Parque.
A Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) classifica o caso de Goiânia como o maior acidente radioativo do mundo pela extensão da tragédia.
*Com reportagens publicadas em 23/06/2021, 27/01/2023 e 31/01/2023
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