Briga familiar e traição: as versões sobre morte de cigana de 14 anos na BA
Por trás da morte de Hyara Flor Santos Alves, adolescente de 14 anos de origem cigana, estão desavenças entre a família dela e a do seu marido, também de 14 anos — ele é apontado pelo pai da vítima como autor do crime. A garota foi baleada e morreu na última quinta-feira (6) em Guaratinga (BA), e a polícia investiga o caso.
O que aconteceu
Parentes de Hyara passaram a apontar a família do adolescente como responsável pela morte. A garota chegou a ser levada para o hospital pela família do marido, com tiros no pescoço, mas não resistiu.
Familiares do acusado dizem que foi um acidente e não houve crime. Eles afirmam que os disparos foram acidentais enquanto Hyara limpava uma pistola.
O marido de Hyara e dois adultos não foram localizados pela polícia desde que a garota deu entrada no hospital. Os adultos são o pai do adolescente e outro homem da família, de parentesco não confirmado. Eles ainda não deram depoimento. O UOL não conseguiu localizar a defesa da família acusada.
Ao menos seis envolvidos na história
Hyara Flor Santos Alves - vítima;
A. - marido de Hyara (será identificado dessa forma por ser menor de idade);
Iago - pai de Hyara;
Homem 1 não identificado - pai de A.;
Mulher não identificada - mãe de A.;
Homem 2 não identificado - irmão de Iago e primo do pai de A.;
O que diz a família de Hyara
O pai da vítima afirma que ela foi morta por vingança contra a família. O motivo seria uma traição envolvendo a mãe de A. e o irmão de Iago — ou seja, a sogra e o tio de Hyara seriam amantes.
O pai de A. teria induzido o adolescente a atirar contra a própria esposa, após ser vítima dessa traição, segundo a versão do pai da adolescente.
Estopim para o crime foi a fuga da mãe de A. com o irmão de Iago. Na versão da família da vítima, a sogra de Hyara já manteve outros casos extraconjugais.
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Quero receberComo estão as investigações
A Polícia Civil da Bahia já recolheu imagens de câmeras de segurança da rua em que as famílias moravam. Familiares, amigos e testemunhas também estão sendo ouvidos.
A família de Hyara diz desconfiar que ela foi vítima de agressões por parte do marido e da família dele. Um objeto que, segundo o depoimento da família, teria sido usado para agredir a adolescente foi entregue à polícia.
A Polícia Civil investiga o crime de feminicídio e diz que faz diligências sobre o caso. O inquérito tem prazo inicial de 30 dias para ser concluído. A advogada da família de Hyara, Janaína Panhossi, afirmou que acompanha o caso de perto para que haja celeridade.
Hyara ligou para o pai no dia da morte
Hyara ligou para o pai e pediu para conversar com ele em sua casa na noite de quinta-feira (6), mas Iago recusou. Horas depois, a adolescente de origem cigana morreu.
Família da noiva deve interferir pouco no casamento, justificou. À advogada, o pai de Hyara relatou que não atendeu ao pedido da filha por acreditar que, após o casamento, a família da noiva deve intervir pouco para que o casal possa estreitar os laços.
O casamento
A cerimônia de casamento dos adolescentes ocorreu há pouco mais de um mês. O casal passou a morar numa casa conjugada à residência dos pais de A. Apesar disso, a menina ainda mantinha contato constante com a mãe, o pai e a irmã, que moravam na mesma rua.
O casamento dos adolescentes foi arranjado por Iago e pelo seu primo, pai de A. A informação consta no depoimento de Iago à polícia.
Recompensa por "cabeça" foi fake news
Começaram a circular dois conteúdos já desmentidos pela família. Isso aconteceu poucas horas após a morte de Hyara.
Um deles é um áudio de Iago: "Por causa de Hyara, vai morrer muita gente." Apesar de o pai de Hyara ter confirmado que é o autor da mensagem, ele depois negou que faria o que prometeu. Disse que a mensagem foi gravada "de cabeça quente".
Ele alega que fez aquilo no momento do desespero, então nega que esteja com a intenção de fazer justiça com as próprias mãos.
Janaína Panhossi, advogada de Iago
Na gravação, Iago pede para que o pai de A. diga o paradeiro do adolescente. Ele também pergunta: "Por que ele fez isso com minha filha?"
Recompensa de R$ 300 mil a quem entregasse "a cabeça" de A. Essa foi a outra mensagem que circulou, com uma suposta promessa de Iago, também desmentida pela advogada.
Ele também nega. Disse que, se somar todos os recursos que tem, não chega a esse valor. Ele espera e confia nas providências das autoridades.
Janaína Panhossi, advogada
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