Presídio de políticos: como é a Papuda, onde ficará Élcio de Queiroz

O ex-PM Élcio de Queiroz, que admitiu em delação o envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), foi transferido para a ala de segurança máxima de uma das unidades prisionais do Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal.

Como é a Papuda?

O Complexo Penitenciário da Papuda ganhou notoriedade depois de receber políticos famosos, condenados em casos de repercussão nacional, como José Dirceu e José Genoino.

A área de segurança máxima foi erguida na região administrativa do Jardim Botânico, no Distrito Federal, às margens da rodovia que liga Brasília ao município mineiro de Unaí. Quando foi inaugurada, em 16 de janeiro de 1979, a Papuda tinha apenas 10 guardas de vigilância e capacidade para receber 240 presos.

Hoje, o Complexo Penitenciário da Papuda tem capacidade para cerca de 5.300 detentos, mas, como ocorre em outros presídios do país, enfrenta superlotação. São 4 unidades, com população carcerária de 12 mil pessoas:

  • Centro de Detenção Provisória-CDP, destinado a presos de regime provisório;
  • Centro de Internamento e Reeducação-CIR, que aloca presos de regime semiaberto;
  • Penitenciárias I e II do Distrito Federal, destinadas a presos de regime fechado.

Unidades têm scanner corporal de alta tecnologia, além de scanner de objetos, portais e bancos detectores de metais. Na penitenciária I, há sistemas de segurança instalados em pontos estratégicos, segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária.

Instalações da Papuda, ainda em obras, em foto de 2017
Instalações da Papuda, ainda em obras, em foto de 2017 Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Por que a Papuda tem esse nome?

Muito antes de se tornar o maior presídio da capital federal, o local onde hoje se encontra o Complexo Penitenciário da Papuda já foi uma pacata fazenda de criação de gado de leite. A fazenda se estendia por solo goiano ao longo de 7 mil alqueires.

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Fazenda Papuda
Fazenda Papuda Imagem: Reprodução/Museu da Pessoa.org

Ganhou esse nome porque ali viveu uma mulher com bócio, doença causada pela deficiência de iodo na alimentação que forma um verdadeiro papo no pescoço. Essa era uma doença comum no Brasil até os anos 50 e foi praticamente erradicada quando o governo tornou obrigatória a adição de iodo no sal de cozinha.

Os limites originais do terreno estão em um livro de registros, de 1869. A área era avaliada em 700 mil réis em inventário e, segundo documento do final do século 19, foi dividida amigavelmente entre José Campos Meireles e Josué da Costa Meireles, herdeiros da propriedade.

Massacre deixou 11 mortos

A história da Papuda já foi marcada por massacres. Em 17 de agosto de 2000, uma rebelião de presos do Núcleo de Custódia deixou onze mortos.

Nove presos foram asfixiados e outros dois morreram em decorrência de queimaduras, depois que um incêndio foi provocado em uma das celas.

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O massacre foi executado por cerca de 200 detentos, ocupantes da ala C da Colônia Penal Agrícola 5 (a CPA 5), que utilizaram armas de produção artesanal e colchões incendiados para obstruir a porta da cela.

A morte do traficante Ananias Eliziário da Silva, apontado como braço direito do ex-deputado estadual maranhense José Gerardo, foi o estopim da tragédia. O homem era chefe do tráfico de drogas dentro da CPA 5 e foi morto por detentos da ala B.

O complexo penitenciário era formado pelo presídio da Papuda — com capacidade para 600 detentos, mas que abrigava 1.200; e por outros seis núcleos de custódia, chamados de colônias penais agrícolas (CPA), que contavam com 1.807 detentos.

O número de detentos do Núcleo de Custódia superava em 42% a capacidade do prédio. Já o prédio do Centro de Internação e Reclusão, destinado a presos condenados, abrigava mais que o dobro de sua capacidade.

Rebelião e mais mortes

Em 18 de outubro de 2001, uma nova rebelião de presos no Complexo Penitenciário resultou em dois detentos mortos e onze feridos, sendo oito presos e três policiais. Cerca de quatrocentos presos participaram do motim, que durou 28 horas.

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Os amotinados tomaram três agentes penitenciários como reféns e apresentaram como exigências a transferência de dezessete detentos para outros Estados, melhores condições carcerárias e a revisão da situação jurídica de alguns deles.

Prisão de Élcio

Élcio estava detido na Penitenciária Federal de Brasília desde junho deste ano, antes de firmar acordo de delação premiada sobre a morte de Marielle. A informação sobre a transferência foi confirmada ao UOL pela Seape (Secretaria de Administração Penitenciária), que disse que não detalha as lotações de custodiados por motivos de segurança.

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