GO: Delegado do caso Lázaro é condenado por desvio de celulares apreendidos
A Justiça de Goiás determinou a perda do cargo público ocupado pelo delegado Rafhael Neris Barboza. Ele foi um dos investigadores da suspeita de violação do túmulo do assassino em série Lázaro Barbosa, no primeiro semestre deste ano.
O que aconteceu:
O policial foi afastado de suas funções por acusações de desvio e apropriação de itens apreendidos em investigações policiais. As irregularidades, segundo denúncia, aconteceram na Delegacia da Polícia Civil de Uruaçu, e foram descobertas em novembro de 2018.
Conforme a decisão, o acusado praticou dois crimes de peculato-desvio consumado, que causaram "lesão ao erário", além de manchar a "imagem do funcionalismo público local". Com isso, decidiu que as atitudes do policial não são compatíveis com o exercício da função pública e que ele deveria deixar o cargo.
O juiz Liciomar Fernandes da Silva concedeu ao policial o direito de recorrer em liberdade. O magistrado também aceitou um recurso da defesa com pedido de absolvição no caso do peculato-desvio da geladeira, ao peculato-apropriação e falsidade ideológica do aparelho de TV, bem como "pela prevaricação pela não remessa dos objetos apreendidos, além da incineração sem ordem judicial".
O delegado teria se apropriado de cinco aparelhos celulares, uma geladeira duplex e uma televisão de 32 polegadas, de acordo com a denúncia e depoimentos de policiais que trabalhavam com o delegado.
A Polícia Civil de Goiás informou, em nota, que aguarda a comunicação do Poder Judiciário "para conhecimento do teor da decisão".
Procurado pelo UOL, Rafhael Neris não retornou ao contato da reportagem, mas publicou nas redes sociais que não se apropriou dos bens e destaca que os objetos seriam frutos de contrabando que provavelmente seriam destruídos ou descartados. "Os bens foram doados a pessoas em recuperação, com único intuito de ajudar. Não houve prejuízo ao erário, e nenhuma vantagem da minha parte. Tudo foi documentado",a afirmou.
Confira nota de Rafhael Neris:
Gostaria de esclarecer que não me apropriei dos bens, bens estes frutos de contrabando e que provavelmente seriam destruidos ou descartados. Os bens foram doados a pessoas em recuperação, com único intuito de ajudar. Não houve prejuizo ao erário, e nenhuma vantagem da minha parte. Tudo foi documentado. Onde eu me responsabilizava por estes objetos confeccionando termo de depósito em meu nome. Os bens foram devolvidos em espécie logo que fui procurado pela Justiça.
Sigo no cargo de delegado de cocalzinho de Goiás até o trâmite final do processo.
Rafhael Neris
Envolvimento no Caso Lázaro Barbosa
O delegado Rafhael Neris Barboza esteve envolvido, em mais de uma ocasião, com um dos casos mais emblemáticos do Centro-Oeste, o do assassino em série Lázaro Barbosa, morto aos 32 anos pela Polícia Civil, em 28 de agosto de 2021, após matar quatro pessoas da mesma família19 dias antes. O criminoso mobilizou uma força-tarefa policial de grande porte, que envolveu 200 policiais em 20 dias, entre eles Neris Barboza.
Rafhael também esteve à frente de uma investigação para verificar a possível violação da sepultura de Lázaro, em 14 de março deste ano, no cemitério de Cocalzinho de Goiás (GO) e chegou a dar entrevista em vídeo, reproduzido pelo UOL (veja abaixo). A denúncia tinha amparo na realidade.
Neris Barboza seguia no exercício da função, mas em outro município, apesar de já ter sido afastado temporariamente da função devido à mesma investigação por desvios de materiais apreendidos, mas somente após a decisão judicial pode ser afastado do trabalho.
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