STF homenageia mãe Bernadete; Rosa Weber diz que procurou governador da BA

A ministra Rosa Weber, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), homenageou a líder quilombola Bernadete Pacífico, a mãe Bernadete, assassinada a tiros na quinta-feira passada (17). Em um breve discurso que antecedeu um minuto de silêncio, Rosa disse que procurou o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), para relatar a situação de "desamparo" das comunidades quilombolas da região.

Silêncio na abertura da sessão

Rosa afirmou que se reuniu com mãe Bernadete durante uma visita à Bahia em julho. Na ocasião, a líder quilombola relatou à ministra a situação da comunidade na região.

A presidente do STF disse que repassou o pedido de mais segurança a Jerônimo Rodrigues (PT), governador da Bahia.

Fiquei tão impressionada com aquela visita que, quando estive com o governador do Estado da Bahia à noite em um jantar que Sua Excelência ofereceu, registrei e pedi um cuidado especial com os quilombolas tamanha a situação que me parece de desamparo, uma situação muito difícil das comunidades quilombolas"
Rosa Weber, presidente do STF

Rosa classificou o homicídio de mãe Bernadete como um assassinato brutal e que, após tomar ciência do crime, entrou em contato novamente com o governo da Bahia.

"Faço esse registro para pedir que hoje nós homenageamos a mãe Bernadete com um minuto de silêncio", concluiu a ministra.

Filho disse que mãe Bernadete pediu segurança a Rosa

Em entrevista ao jornal Correio, da Bahia, Wellington Pacífico, afirmou que mãe Bernadete sofria ameaças e, ao se encontrar com Rosa, relatou os ataques à magistrada.

"Ela falou, pediu por mais segurança e eu estava presente no dia. Nós somos perseguidos, as nossas lideranças são mortas. Eu perdi meu único irmão há seis anos e, agora, perco minha mãe da mesma forma, através de execução", disse.

Continua após a publicidade

Acho que quando chega até a morte, a revolta já é muito grande. O descaso das autoridades, principalmente quando se trata do povo negro [...] Recentemente, perdi um outro amigo e amiga de quilombo também. É o que nós recebemos: ameaças. Principalmente, de fazendeiros e de pessoas da região. Hoje, vivo assim: não posso sair que estou sendo revistada, minha casa é toda cercada de câmera, me sinto até mal com um negócio desse. Mas é o que acontece".
Wellington Pacífico, filho de mãe Bernadete, ao jornal Correio

Maria Bernadete foi morta a tiros no Quilombo Pitanga dos Palmares. Criminosos teriam invadido o terreiro da comunidade, feito familiares reféns e executado a líder quilombola com disparos de arma de fogo.

O presidente Lula (PT) prestou solidariedade a amigos e familiares de Maria Bernadete e o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania enviou uma equipe ao estado para investigar a morte da líder quilombola. A Polícia Federal informou que vai apurar o caso. Segundo a PF, a investigação ficará sob sigilo.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.