Advogado é preso após matar capivaras 'contra febre maculosa' em Bebedouro
Um advogado foi preso na terça-feira (5) após admitir que matou capivaras "para minimizar o problema dos carrapatos" e evitar a infecção por febre maculosa em Bebedouro (SP).
O que aconteceu:
O advogado Luciano Ferreira de Oliveira matou três capivaras em 24 de agosto no Parque da Família. Ele assumiu ser o autor dos disparos.
Em vídeo, ele pede desculpas, mas diz que os moradores de Bebedouro precisam "buscar uma solução" para as capivaras.
Elas [capivaras] não podem ficar a 70 metros de onde as crianças estão brincando. Pensei que o benefício disso pudesse ser maior. Hoje não faria de novo.
Embora a intenção tenha sido minimizar o problema dos carrapatos que se alojam nas capivaras como hospedeiros e propagar a infestação da grave doença, minha atitude foi totalmente irresponsável e indevida. Arcarei com as responsabilidades.
Luciano Ferreira de Oliveira
Luciano também é dono de uma loja de produtos veterinários em Bebedouro. No vídeo, ele diz ser defensor dos animais. "A gente doa muitas coisas para ONGs. Às vezes até procedimentos cirúrgicos".
Ele foi preso em flagrante por porte ilegal de arma após a Polícia Civil cumprir um mandado de busca e apreensão na casa dele e encontrar duas pistolas 9 mm e um rifle calibre 22 com um silenciador, o que não é permitido por lei. A informação é da EPTV.
Em 2018, Luciano recebeu o título de Cidadão Bebedourense. Na época, o então prefeito Fernando Galvão (União) afirmou que "pessoas do bem precisam ser homenageadas em vida".
Uma comissão da OAB de Bebedouro avalia pedir a cassação do registro de Luciano.
Foram vários crimes cometidos: caça ilegal, crime contra a fauna, disparo de arma de fogo. A gente não sabe se ele tem registro da arma. Foi um perigo muito grande.
Raquel Kobal, coordenadora da OAB, à EPTV
O UOL tenta contato com a defesa de Luciano Ferreira de Oliveira. A matéria será atualizada se houver manifestação.
O que é febre maculosa?
Comum na região Sudeste do Brasil, a febre maculosa é causada pela bactéria Ricketsiia rickettsii, transmitida pelo carrapato-estrela. Os principais sintomas são dor de cabeça, febre, náuseas, vômitos, cansaço e fadiga.
A transmissão acontece principalmente em áreas de mata. Praticantes de esportes radicais ou pessoas que moram nessas regiões devem ficar atentos. O período de reprodução dos carrapatos começa em março e atinge seu pico entre junho e outubro.
Não existe transmissão de uma pessoa para outra. Se o contato com carrapato na pele for por um tempo maior que quatro horas, é fundamental procurar um médico para investigar os sintomas.
Embora se desenvolva de forma rápida, a doença tem cura e pode ser tratada com antibióticos, acompanhamento médico e internação.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.