Qual é o motivo da greve do metrô, CPTM e Sabesp em SP? Veja reivindicações

Estações de quatro linhas do Metrô de São Paulo e da maioria das linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) amanheceram fechadas nesta terça-feira (3). A paralisação dos servidores é parte de uma greve conjunta com a Sabesp em oposição ao plano de privatizações do governo do estado de São Paulo.

Reivindicações

Os sindicatos argumentam que as desestatizações podem resultar na deterioração da qualidade dos serviços, citando como exemplos as Linhas 8 e 9 da CPTM, que teriam enfrentado mais falhas no primeiro ano de gestão privada.

O Sindicato dos Metroviários de São Paulo defende que a população seja mais envolvida no processo de privatização. Narciso Soares, vice-presidente do sindicato, afirmou que, embora haja audiências públicas, a decisão final é tomada pelo governador e "grandes empresários".

Líder sindical propôs a realização de um plebiscito para que a população possa se manifestar sobre a venda da Sabesp. Os servidores em greve buscam que o governo promova uma consulta popular sobre o tema, uma vez que uma pesquisa do Datafolha realizada em abril indicou que a maioria (53%) da população de São Paulo é contrária à privatização da companhia de saneamento.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), classificou a greve como abusiva, ilegal e politicamente motivada. Em uma coletiva, ele criticou a paralisação e afirmou que o governo continuará estudando as privatizações no Metrô e na CPTM, destacando que a privatização da Sabesp está em estágio mais avançado, com consultas às prefeituras e ao Tribunal de Contas do Município.

Esta é a segunda greve ocorrida no Metrô e na CPTM em 2023, sendo a primeira em março, quando os metroviários demandavam reajustes salariais e melhores condições de trabalho.

Nossa luta tem a ver com defender os trabalhadores que utilizam o transporte público e o saneamento básico. A privatização, como têm demonstrado as linhas 8 e 9, só tem trazido pioras aos trabalhadores, que passam sufoco todo dia.
Narciso Soares, do Sindicato dos Metroviários (SP)

Plano de privatizações de Tarcísio

O plano de privatizações de Tarcísio inclui diversas áreas, como o Metrô, a Sabesp e o trem que ligará a capital paulista a Campinas. O Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) do estado de São Paulo conta com 17 projetos de privatização e Parcerias Público-Privadas (PPPs). O leilão para a construção do trem e a concessão da Linha 7-Rubi da CPTM já estão agendados para fevereiro de 2024.

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O governo contratou um estudo no valor de R$ 62 milhões para avaliar as estratégias de participação do setor privado na expansão da capacidade de investimento no transporte público paulista.

O modelo de privatização da Sabesp já foi definido, com a intenção de realizar um "follow-on", onde o estado venderá ações da empresa e deixará de ser o controlador. Atualmente, o governo paulista possui 50,3% de participação na Sabesp. A escolha desse formato foi questionada pela oposição perante a Justiça.

O governo argumenta que a consulta popular faz parte do processo de privatização, mas ressalta que existe um momento adequado para contribuições e que a discordância não deve resultar em paralisação. Camila Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, alega que não há previsão de consulta à população sobre o leilão da Linha 7 da CPTM.

Tarcísio reiterou que não pretende rever as concessões, mesmo diante de falhas. Em fevereiro, o governador de São Paulo criticou o Ministério Público estadual por solicitar o término do contrato de concessão das Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, afirmando que sua prioridade é o bem-estar dos usuários.

Infelizmente aquilo que a gente esperava está se concretizando. Temos aí uma greve de Metrô, CPTM, uma greve ilegal, uma greve abusiva, uma greve claramente política, uma greve que tem como objetivo a defesa de um interesse muito corporativo.
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo

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