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Cantor preso por morte de dentista denuncia abuso da polícia durante prisão

O cantor sertanejo João Vitor Malachias, preso sob suspeita de matar a dentista Bruna Angleri, em Araras (SP), afirma que houve abuso de policiais durante a sua prisão, na noite de domingo (8). A SSP afirma que apura o caso.

O que aconteceu:

O relato do suspeito foi feito na tarde desta segunda-feira (9) durante audiência custódia. A prisão temporária dele foi mantida. "Na audiência, ele relatou que houve abuso no cumprimento da prisão por parte da autoridade policial responsável", informou o TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), em nota.

A Justiça determinou que uma cópia do termo da audiência seja encaminhado à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, com o objetivo de apurar eventual abuso cometido e para que sejam tomadas as devidas providências.

O TJSP não detalhou quais seriam os abusos relatados por João Vittor. O advogado dele, Wagner Moraes, afirmou ao UOL que a defesa vai se manifestar exclusivamente nos autos, e justificou que o processo está em segredo de justiça.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública esclareceu que todas as circunstâncias relacionadas aos fatos são apuradas pela 3ª Corregedoria Auxiliar de Ribeirão Preto e que diligências estão em andamento para esclarecimentos.

Preso após fuga

João Vitor foi preso na noite deste domingo (8) próximo a Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. O crime ocorreu no fim de setembro no Distrito Industrial, em Araras (SP), a 171 km de São Paulo.

Ele teve a prisão temporária decretada pela Justiça na sexta-feira (6), mas estava foragido até este domingo. A prisão temporária tem duração de 30 dias, sendo possível prorrogar por mais 30 dias. João nega o crime.

Apesar da prisão, a investigação continua, segundo Tabajara Zuliani dos Santos, delegado responsável pelo caso.

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Nesta semana, a Polícia Civil conseguiu colher mais provas e pediu a prisão temporária do cantor sertanejo, o que foi aceito pela Justiça. A informação foi confirmada ao UOL por Daniel Salviato, advogado da família de Bruna.

Ainda na sexta, quando o mandado iria ser cumprido, João Vitor fugiu de carro pela rodovia Anhanguera, com ajuda de outras pessoas, segundo Salviato. A Record TV divulgou imagem que mostra o cantor em um posto de gasolina pouco tempo antes de fugir.

As autoridades foram informadas da localização de João, sendo iniciada uma perseguição, que terminou com o cantor abandonando o próprio veículo próximo à região do município de Cravinhos e fugindo a pé.

Apesar do cerco montado durante a noite e madrugada de sábado (7) pela polícia, o cantor sertanejo não foi encontrado e era considerado foragido desde então. Antes da expedição do mandado, o homem chegou a ser ouvido pela Polícia Civil, mas foi liberado por falta de provas.

João namorou Bruna durante sete meses e não aceitava o fim do relacionamento, segundo familiares da vítima.

Dentista tinha medida protetiva contra ex-namorado

A dentista já tinha uma medida protetiva contra o ex-namorado.

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Ao registrar a queixa, a vítima contou à Polícia Civil que o ex havia invadido sua casa e quebrado alguns móveis. Ela prestou queixa no dia 10 de agosto, segundo o delegado Tabajara Zuliani dos Santos, à frente da investigação do caso.

Bruna e o ex-namorado tiveram um relacionamento de sete meses, disse ao UOL o advogado de João Vitor. Moraes acrescentou ainda que seu cliente chegou a morar na casa da vítima.

Eles teriam decidido se separar pouco mais de um mês antes do crime. "Ele foi acionado para prestar depoimento, uma vez que na cidade começaram a circular o nome dele como principal suspeito. Em seu depoimento, negou a autoria, colaborou com tudo, deixou celular para ser periciado, deu detalhes e nomes das pessoas com quem estava e onde estava e foi liberado", detalhou o advogado.

O caso

Bruna Angleri foi encontrada em cima da cama, já sem vida. O caso foi registrado como homicídio.

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O delegado ressaltou que a vítima foi "severamente" agredida no rosto, que estava "cheio de fraturas". A dentista também tinha hematomas e uma costela fraturada.

À espera dos laudos do IML (Instituto Médico Legal), a investigação quer saber se há alta concentração de gás carbônico no sangue da vítima. O objetivo é esclarecer se ela já estava morta quando foi queimada ou se ainda estava viva.

O legista, que é muito experiente, entende que provavelmente não [estava viva quando foi queimada], porque as vias aéreas dela, em termos de fuligem, de fogo, qualquer coisa nesse sentido, estavam limpas. Mas ele não pode dar 100% de certeza antes desse laudo toxicológico.
Tabajara Zuliani dos Santos, delegado à frente da investigação

A dentista era coordenadora de pós-graduação de uma faculdade em Araras. Ela deixa um filho. Nas redes sociais, amigos e familiares publicaram homenagens de despedida para Bruna.

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