Cariani critica mídia: Parece que sou de empresa feita pra bancar bandido

Dois dias após operação da Polícia Federal mirar a empresa em que Renato Cariani é sócio por um suposto esquema sobre desvio de produtos químicos para a produção de drogas, o influenciador fitness gravou um vídeo em que critica reportagens veiculadas na mídia sobre o caso.

O que aconteceu:

No vídeo de 20 minutos, o influenciador citou que as reportagens dão a entender que a empresa em que ele é sócio "foi criada para sustentar um complexo de drogas" e estão "vinculando a empresa com partido de organização criminosa".

"Parece que eu sou sócio de uma empresa criada pra sustentar bandido", disse Cariani, ao citar as reportagens que abordam notas fiscais suspeitas. A empresa Anidrol, que tem o influencer entre seus sócios, teria emitido notas fiscais no nome de grandes empresas para disfarçar o desvio de produtos químicos usados na produção de drogas, entre elas o crack, apontam os investigadores.

O influenciador minimizou a identificação, pela Polícia Federal, de 60 notas falsas que teriam sido emitidas para mascarar o desvio de produtos químicos para a produção de drogas. Ele apontou que na empresa são emitidas cerca de mil notas fiscais mensais e, recorrendo a um cálculo, comentou que a porcentagem que essas notas representariam em um período de seis anos foram de menos de 0,001%, de acordo com a sua versão.

"Eu não estou dizendo que não há aqui dentro um risco. Há. O que eu estou deixando claro pra vocês é que essa empresa tem 42 anos de história", completou, exaltando a sua sócia.

Cariani também comentou uma reportagem sobre mensagens trocadas entre ele e a sócia, em 2014, que teriam sido obtidas pela investigação. Em uma delas, ele teria citado "trabalhar no feriado pra arrumar de vez a casa e fugir da polícia". O homem citou que o caso se tratava, "provavelmente, de uma fiscalização, uma auditoria do meio ambiente" na empresa.

E aí o resto da mensagem? Desculpa. Eu peço desculpa. Se esse print realmente é verídico, eu usei um termo totalmente inapropriado. Mas gente, é uma conversa com dois sócios. É um desabafo. Quem é empresário, sabe. Às vezes, sem querer, você xinga um fiscal, você xinga um cliente, um fornecedor. Era só um desabafo. Porque é algo extremamente estressante.
Renato Cariani

O influenciador pediu desculpas pela irritação no vídeo. "E vocês me desculpem a minha energia aqui, a minha irritação. É porque à medida que eu vou lendo isso, eu vou ficando indignado. Está acontecendo comigo. Você entendeu? Eu estou assistindo isso da plateia. Eu estou vendo cada notícia de plateia", afirmou, alegando que ele e sua defesa só tiveram acesso aos autos do processo ontem (13).

Para o influenciador, ainda tem "muita coisa para esclarecer", já que outros nomes envolvidos na operação estão sendo divulgados. Ele relatou não poder dar detalhes porque o caso está sob segredo de Justiça e também para preparar a sua defesa. "Por isso que eu tive que expor todas as mensagens da mídia, porque aí não sou eu que estou explanando o que corre segredo."

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Entenda a operação

Segundo a PF, o esquema abrangia a emissão fraudulenta de notas fiscais por empresas licenciadas a vender produtos químicos em São Paulo, usando "laranjas" para depósitos em espécie, como se fossem funcionários de grandes multinacionais.

A Anidrol, empresa do que Renato Cariani é sócio, foi alvo de busca e apreensão de policiais federais. A indústria farmacêutica é sediada em Diadema, na região metropolitana de São Paulo.

No total, foram identificadas 60 transações dissimuladas vinculadas à atuação da organização criminosa. São aproximadamente 12 toneladas de produtos químicos (fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila), o que corresponde a mais de 19 toneladas de cocaína e crack prontas para consumo, segundo a PF.

Após a operação, Renato Cariani se posicionou e se disse "surpreso". "Para mim, para a minha sócia e para todas as pessoas, foi uma surpresa", afirmou Cariani em um vídeo publicado no Instagram.

Depósito iniciou investigação

Dois depósitos que somam R$ 212 mil em uma conta da Anidrol fundamentaram o início das investigações da PF. Documento obtido pelo UOL mostra que a empresa biofarmacêutica AstraZeneca pediu à PF, em julho de 2019, a instauração de um inquérito policial sobre notificações que havia recebido da Polícia e da Receita Federal referentes a supostos depósitos e movimentações financeiras que teria feito para a Anidrol.

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A primeira notificação ocorreu em 17 de abril de 2017, sobre supostas infrações administrativas cometidas pela AstraZeneca ao fazer movimentações não informadas, referentes a três notas fiscais emitidas pela empresa da qual o influenciador é sócio.

Já a segunda intimação foi enviada pela Receita à empresa biofarmacêutica em meados de fevereiro de 2018. O órgão questionava dois depósitos realizados em 2015 e 2016, nos valores de R$ 103,5 mil e R$ 108, 5 mil, à Anidrol.

A empresa do influenciador, ainda segundo o pedido de abertura de inquérito, teria informado à Receita Federal que havia vendido cloreto de lidocaína para a AstraZeneca. A biofarmacêutica nega.

"A AstraZeneca nunca manteve qualquer relação comercial com a empresa Anidrol, a qual não está cadastrada na relação de fornecedores da AstraZeneca, o que impede que qualquer pagamento tenha sido realizado em seu benefício", disse a biofarmacêutica.

Quem é Renato Cariani

Renato Cariani é fisiculturista e influencer fitness, com mais de 4 milhões de inscritos em seu canal no YouTube. Graduado em Química pela Universidade Metropolitana de Santos, ele exibe em suas biografias nas redes sociais que é professor de química, além de professor de educação física, empresário e youtuber.

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Somadas todas as redes sociais, Renato Cariani tem mais de 13,6 milhões de seguidores. Ele se apresenta como coach e instrutor de condicionamento físico.

Atleta profissional de fisiculturismo, Cariani também participa de competições nacionais e internacionais.

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