Anac negou licença a piloto desaparecido por "histórico de irregularidades"
O piloto Cassiano Tete Teodoro, responsável pelo helicóptero que desapareceu em São Paulo no último domingo (31), teve a licença para táxi aéreo negada por irregularidades junto à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
O que aconteceu
Teodoro, 44, estava sem licença para operar táxi aéreo. Não se sabe, contudo, se no voo que pilotava quando desapareceu, Teodoro fazia serviço de táxi aéreo. O helicóptero que levava o piloto e mais três pessoas sumiu quando voava da capital paulista para Ilhabela, no litoral do estado.
No momento do voo, Teodoro tinha apenas a habilitação pessoal para voar. Ele chegou a ter essa licença cassada em setembro de 2021, após fugir de uma fiscalização, mas recuperou o documento em outubro de 2023, após fazer cursos.
O piloto já tentou obter uma outorga de táxi aéreo, mas a Anac negou. Em dezembro de 2020, quase dois anos após o pedido, a diretoria colegiada da agência decidiu não conceder a licença a Teodoro por unanimidade (4 votos a 0).
No processo que avaliou o pedido, a Anac afirmou que Teodoro tinha um "amplo histórico de irregularidades". O piloto já foi investigado na agência por transporte clandestino de passageiros, tentativas de enganar a fiscalização e por um pouso imprevisto no terraço de um prédio na avenida Faria Lima, em São Paulo.
O Sr. Cassiano Tete é infrator recalcitrante de normas de segurança operacional, comumente operando deliberadamente com elevado risco operacional, como tal verificado e registrado por esta Agência nos últimos anos
Despacho do superintendente de ação fiscal da Anac, Claudio Ianelli, em maio de 2020
A identidade de Teodoro foi confirmada pelo UOL por Jorge Maroum, dono do heliponto em Ilhabela para onde a aeronave se deslocava antes de desaparecer, e pela irmã de um dos passageiros.
A irmã de Raphael Torres, um dos passageiros no helicóptero, contou que ele já conhecia o piloto. "Eu não sei o grau de intimidade que eles tinham, mas não foi um piloto que ele conheceu ali no momento", explicou Herika Torres.
Antes de deixar a capital paulista, Teodoro disse ao dono do heliponto para que ele pedisse um táxi para os passageiros irem para um hotel após o pouso.
Jorge, estamos decolando. 45 minutos eu pouso, tá bom? Pede um carro para eles, por favor. Eles vão para o hotel, não sei o nome do hotel. Não sei se é o DPNY, mas já pede um carro para ficar pronto aí 13h30, por favor. A gente está decolando. O teto está alto ainda?
Áudio enviado pelo piloto ao dono do heliponto em Ilhabela
O desaparecimento
O helicóptero modelo Robinson R44 desapareceu na véspera do Réveillon. A aeronave saiu do aeroporto Campo de Marte, na capital paulista, rumo a Ilhabela.
A suspeita inicial é de que o sumiço tenha ocorrido na região da Serra do Mar. De acordo com a PM, o helicóptero decolou às 13h15 e fez o último contato às 15h10.
Os passageiros no helicóptero são: Letícia Rodzewics, a mãe dela, Luciana Rodzewics, e Raphael Torres. Segundo Silvia Rodzewics, irmã de Luciana, Raphael é amigo da mulher e a convidou para o passeio bate e volta, para o qual ela levou a filha.
Letícia disse ao namorado que a aeronave fez um pouso de emergência numa mata antes de perderem contato. A informação foi confirmada pela tia da passageira, Silvia Santos.
Luciana gravou um vídeo mostrando a decolagem e início do voo, ainda em São Paulo. As imagens foram postadas nas redes sociais.
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