Olha o Minotouro! Búfalos são celebs e combatem crimes no Norte do Brasil

Além da beleza exótica de suas praias, a Ilha do Marajó (PA) também chama a atenção por seus "moradores" inusitados: na cidade de Soure, os búfalos são uma atração à parte e há até um batalhão de polícia montado nos animais.

Policiamento local

Os búfalos fazem parte da rotina da população do maior arquipélago flúvio-marítimo do mundo. A criação dos animais é uma atividade econômica —há produção de carne e leite. Nos restaurantes, é comum encontrar bifes com mussarela de búfala, uma iguaria típica que virou atração turística.

Eles assumem status de celebridade, como o "Minotauro" e "Minotouro", que fazem parte do grupo dos sete búfalos que integram o 8° Batalhão da Polícia Militar (8º BPM) —o grupamento é o único que usa búfalos como transporte de que se tem notícia, segundo a Polícia Militar do Pará.

Completam a lista do destacamento Turista, Aquiles, Heitor, Chocolate e Cabeção. Eles são das raças mais comuns na região: dois da Carabao, três Mediterrâneos, um Jafarabady e um Murrah. O grupo atua no policiamento tanto na zona urbana como rural.

Soure, na Ilha de Marajó,  possui um Batalhão de Polícia montada em búfalos
Soure, na Ilha de Marajó, possui um Batalhão de Polícia montada em búfalos Imagem: Divulgação

O uso dos animais foi a forma que a corporação encontrou de facilitar o acesso a locais mais difíceis no período de chuva. "Na zona rural, o policiamento em búfalos ocorre no período chuvoso, quando são utilizados os animais cedidos por produtores rurais para ajudar no combate ao roubo de gado e crimes ambientais", explica o comandante do 8° BPM, o tenente coronel Leomar Costa de Aviz.

Como a região do Marajó Oriental é gigantesca e cortada por muitos rios, não é possível transitar em todos os lugares. O uso do búfalo em área alagada facilita o deslocamento do efetivo, inclusive para atravessar pequenos rios porque eles nadam muito bem e têm muita resistência.
Leomar Costa de Aviz

Segundo a Polícia Militar, esse tipo de policiamento já é usado há mais de 30 anos na região, mas foi oficializado em 2021 pelo 8° Batalhão da Polícia Militar. Os bubalinos usados no policiamento recebem tratamento especial: eles têm um campo anexo ao quartel, onde pernoitam e recebem alimentação e cuidados.

Trabalhar com búfalos é gratificante e honroso. É um carinho adquirido pelo búfalo desde a fase de bebê do animal, pois acompanhamos o crescimento deles na doma e manejo do búfalo. É o desenvolvimento da segurança entre o policial e o búfalo, ele já faz parte da minha família.
Ronaldo Souza, segundo sargento

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Búfalo com espingarda? Até a entrada da sede faz referência ao animal: uma placa, feita de cartuchos de bala, mostra um búfalo musculoso carregando uma espingarda.

Trabalho exige treinamento. Os búfalos podem pesar até 1.200 quilos e medir cerca de 2,5 metros. Eles são excelentes nadadores e atravessam com facilidade os solos alagados. A polícia diz que esses animais têm velocidade que cavalos ou motos não conseguem alcançar. Aprender a manter o controle sobre os búfalos, porém, não é tarefa fácil e os policiais passam por treinamento extensivo.

Búfalos são bons nadadores e facilitam operações durante o período chuvoso
Búfalos são bons nadadores e facilitam operações durante o período chuvoso Imagem: João Ramid/Divulgação Paratur

De onde vem tanto búfalo?

A história sobre a chegada dos búfalos ao Marajó é controversa. Há quem diga que chegaram da Indochina em um navio naufragado. Também existe a teoria de que prisioneiros fugitivos da Guiana Francesa os usavam com pequenas jangadas para navegar pelos manguezais.

O número de búfalos se multiplicou e sua população hoje gira em torno de 500 mil cabeças, segundo reportagem da AFP..

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Búfalos são vistos perto de casas e em áreas alagadas do Marajó
Búfalos são vistos perto de casas e em áreas alagadas do Marajó Imagem: Júlia Marques

Os búfalos-d'água (Bubalus bubalis) são vistos no Marajó arrastando carroças pelas ruas ou se alimentando nos pântanos. Imagens de búfalos também estão por todo lado: em logotipos, esculturas, placas e murais.

*Com informações da AFP

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