Ilhada em casa, após chuva: 'Comemos só pão, suco e café, estamos à mercê'
A faxineira Mayre Ellen Vieira Martins, 44, está desde a última sexta-feira (12) ilhada dentro da própria casa no Pilar, bairro de Duque de Caxias, um dos locais mais afetados pela chuva na Baixada Fluminense. Ela é uma entre dezenas de pessoas com dificuldades após o temporal que deixou 12 mortos.
O que aconteceu
Não é a primeira vez que Mayre sofre com as inundações. Há dois meses ela saiu do bairro Amapá, onde morou por 28 anos, na intenção de fugir das enchentes, já que viveu essa situação em 2010.
Estamos abandonados pelo poder público, como sempre, como todos os anos. Eles sabem das chuvas de dezembro de janeiro, mas não fazem nada. Quando a população está sobrevivendo às chuvas do ano anterior, vem outra enchente. Minha rua está alagada, não tem condições de sair para lugar nenhum, a comida está acabando e estamos aqui, à mercê.
Mayre Ellen Vieira Martins
Casa e rua completamente alagadas também a deixaram sem luz. Mayre vive de aluguel com o namorado e três filhos. Ela e a família se abrigaram no terraço da casa, conseguiram resgatar alguns móveis, mas outros, como geladeira, fogão e sofá, seguem imersos.
Está sendo muito triste, porque saí de um bairro achando que não passaria por isso e novamente estou vivendo alagamento e enchente. Fico presa dentro de casa, sem poder sair, sem poder trabalhar. Estou ilhada, com água na altura do joelho. A água continua subindo e estamos apavorados com a possibilidade de chover novamente.
Mayre Ellen Vieira Martins
A água potável foi fechada, devido à sujeira. Ela também não tem banheiro e não consegue cozinhar.
Estamos nos alimentando de pão, café e suco, porque a geladeira está desligada e o fogão está suspenso. Estamos sem banheiro, sem água e não teremos comida para todos.
Mayre Ellen Vieira Martins
A filha de Mayre também perdeu tudo o que tinha na casa dela e ficou com uma bebê de colo para se abrigar na casa da mãe. A cunhada, que está grávida, também passou por lá, mas pôde ser resgatada até uma rua principal, para receber atendimento.
A prefeitura de Duque de Caxias diz que "toda a estrutura da prefeitura está à disposição dos moradores". A gestão municipal também diz que há vários pontos de apoio nos locais de maior gravidade. (Veja endereços abaixo)
Mayre diz que está com água na altura do joelho e não consegue sair de casa, nem para se deslocar e ir até os locais de abrigo.
Todo ano a gente perde nossos bens, mas a gente não desiste, trabalha duro todo dia e compra as coisas novamente. Mas e as vidas perdidas? Queria que tivessem mais respeito pelas nossas vidas.
Mayre Ellen Vieira Martins
Mortes e mais risco
Doze mortes foram confirmadas no estado. O Corpo de Bombeiros informou que duas delas foram em Duque de Caxias. Um homem foi vítima de descarga elétrica na Rua Marques de Paranaguá, e outro na Rua Dona Alice Viterbo, em São Bento. Uma mulher foi vítima de afogamento em Saracuruna.
O Corpo de Bombeiros informou que o Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden-RJ) acompanha as condições meteorológicas e os níveis pluviométricos em todo o território, enviando alertas para os municípios quando necessário.
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Pontos de apoio
Centro
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Saracuruna
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Pantanal
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Figueira
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Pilar
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