Defesa de motoboy esfaqueado cobra acesso a imagens: 'Desfazer narrativa'
A defesa de um motoboy negro, que foi algemado por policiais militares após levar uma facada em Porto Alegre (RS), cobra que a Polícia Civil libere o acesso às imagens do dia do caso.
O que aconteceu
O advogado Ramiro Goulart, que representa o motoboy Éverton Goandete, disse que pediu as imagens no último sábado (17), quando aconteceu o episódio.
A defesa fala em "desfazer a narrativa". "As imagens do dia dos fatos são fundamentais para desfazer a narrativa que seu cliente agrediu o seu agressor. Everton foi atacado de surpresa por um homem armado. E quem deixará isso claro serão as imagens que estão na mão da Policia".
Goulart ingressou na tarde desta terça-feira (20) com um pedido de diligências para ter acesso integral ao conteúdo que está com a polícia.
O advogado também rechaça a possibilidade de "agressão mútua". "Como seria uma agressão mútua se o agressor desceu de casa armado com um canivete e desferiu um golpe numa pessoa que não estava nem falando com ele? Foi um golpe surpresa por um motivo torpe. Não é uma agressão, foi uma tentativa de homicídio e meu compromisso é comprovar isso".
Entenda o caso
Éverton Goandete foi algemado à força por policiais militares após levar uma facada no bairro Rio Branco, em Porto Alegre (RS), no sábado (17). Ao UOL, ele disse que foi atingido por um homem branco. Os dois foram levados à delegacia.
Vídeos divulgados em redes sociais mostram o motoboy sendo prensado contra a parede por policiais até ser algemado e levado para a caçamba de uma viatura. Nas imagens, durante a abordagem truculenta, um idoso, suspeito de ter dado a facada, passa sozinho e diz que iria pegar os seus documentos.
Pessoas que passavam pelo local protestaram contra a ação dos policiais dizendo que a atitude contra o motoboy foi racista. "Quem tomou a facada foi ele", disse um rapaz no vídeo.
O homem negro foi levado antes à viatura. Ao UOL, uma testemunha afirmou que o idoso foi no banco de trás do veículo, enquanto o motoboy foi na caçamba. No meio da tarde, ambos foram liberados.
A Brigada Militar do Rio Grande do Sul informou que o Comando de Policiamento da Capital abriu sindicância para apurar "as circunstâncias da abordagem".
Em uma rede social, o governador Eduardo Leite (PSDB) disse que o caso será apurado com "a mais absoluta celeridade".
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