Membro do PCC é condenado por matar PM e ocultar corpo em comunidade de SP
A Justiça de São Paulo condenou um homem apontado como membro do PCC (Primeiro Comando da Capital) pelo homicídio e ocultação do cadáver do policial militar Leandro Martins Patrocínio. O crime ocorreu em junho de 2021, em Heliópolis, na zona sul da capital paulista.
O que aconteceu
Leandro de Jesus Tavares, apelidado de "Mãozinha", foi condenado a 20 anos, seis meses e 12 dias de prisão, em regime fechado.
Os autos do processo apontam que o condenado cometeu o crime após descobrir que a vítima era policial. O agente foi agredido diversas vezes e asfixiado, inclusive com um mata-leão. O condenado ainda ocultou o corpo do policial em um terreno localizado em Heliópolis.
Membros do júri popular reconheceram três qualificadoras no crime. São elas: uso de meio cruel, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e crime contra agente de segurança pública. A condenação foi por maioria de votos do conselho de sentença. A decisão, obtida pelo UOL, foi proferida no dia 22 de fevereiro, mas divulgada apenas nesta quinta-feira (7).
Júri absolveu acusado do crime de roubo contra a vítima antes do homicídio. A absolvição ocorreu após a tese ser sustentada pela defesa, representada pela Defensoria Pública.
Provas revelam que condenado é de "alta periculosidade e com personalidade distorcida", escreveu juiz. Segundo o magistrado que presidiu o júri, Bruno Ronchetti de Castro, Tavares também é violento e integrante do PCC, organização criminosa que domina e comanda o tráfico de drogas na comunidade de Heliópolis.
Nos autos, Tavares é apontado como participante do "Tribunal do Crime" do PCC. Ele também é acusado de ser responsável pela venda de drogas e da disciplina do local, "cobrando posturas de outros moradores segundo as normas de conduta do PCC", explica a decisão.
Juiz aumentou a pena base, em cada uma das condenações, em um terço. O magistrado argumentou que, "com tais condutas, voltadas contra policial militar, o acusado ainda buscou incutir o medo na sociedade, afrontar a força de segurança pública incumbida de garantir a paz e tranquilidade no seio social, disseminando o medo e afrontando o Estado Democrático de Direito".
O UOL tenta contato com a Defensoria Pública de São Paulo, responsável pela defesa de Tavares. O texto será atualizado tão logo haja manifestação.
Relembre o caso
Autos indicam que o crime ocorreu na madrugada do dia 29 para o dia 30 de maio de 2021, em uma casa na comunidade de Heliópolis. Tavares e outras pessoas teriam subtraído, com o uso de violência física, um relógio de pulso, um celular, cartão de crédito, dinheiro em espécie e uma pistola Glock carregada, da Polícia Militar de São Paulo, que estavam em posse do policial militar.
Vítima sofreu diversas agressões e levou um "mata-leão". Com apoio de terceiros, o corpo da vítima foi ocultado em um terreno ainda em Heliópolis. A Justiça de São Paulo não informou se outras pessoas que teriam envolvimento no crime foram encontradas e responsabilizadas.
O PM havia sido visto pela última vez na noite do dia 29, após descer na estação Sacomã, da linha 2-Verde do metrô. Imagens de câmeras de segurança da região mostravam o soldado caminhando a pé, sozinho, até entrar em Heliópolis.
O relógio de Leandro foi encontrado — e reconhecido por familiares — em um sobrado ao lado de uma casa noturna da comunidade. No imóvel havia uma corrente de ferro e manchas de sangue em um colchão. Também foram apreendidos no local materiais usados para armazenar drogas.
À época, segundo o colunista do UOL Josmar Jozino, havia informações de que o sobrado onde estava o relógio do soldado foi usado como cativeiro. A casa noturna ao lado do imóvel seria de um integrante do PCC preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, reduto de homens do alto escalão da facção criminosa. As investigações apontaram que Leandro gastou R$ 12 no cartão e que pode ter ido a um baile funk antes de sumir.
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