Caso Marielle: Delegado preso teria dado aval para o crime, aponta delação

O delegado Rivaldo Barbosa foi preso hoje porque teria dado aval para o assassinato da vereadora Marielle Franco com a promessa de não investigar o crime. A informação consta da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa.

O que aconteceu

Além de autorizar o crime, o delegado teria garantido a impunidade ao homicídio. Rivaldo foi chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, assumindo o cargo durante a intervenção federal no estado, por indicação do general Walter Braga Netto. A prisão do delegado foi por obstrução de Justiça.

O delegado assumiu o cargo um dia antes da morte de Marielle. Os advogados de Braga Netto informaram, por meio de nota, que a nomeação do chefe de Polícia Civil não passou por seu cliente.

Não há confirmação de que Ronnie Lessa apresentou provas sobre o que disse em relação a Rivaldo. A delação premiada dele foi homologada na última terça-feira pelo Supremo Tribunal Federal.

Também foram presos o deputado federal Chiquinho Brazão (União-DF) e Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. As ordens de detenção são do ministro Alexandre Moraes após recomendação da Procuradoria-Geral da República.

Os outros dois detidos são suspeitos de serem "autores intelectuais" da morte de Marielle e de Anderson Gomes, motorista da vereadora. Ambos, que são irmãos, também respondem pela tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, assessora de Marielle que estava no carro no dia do crime.

Os três presos estão na Polícia Federal do Rio de Janeiro. Eles devem ser transferidos para Brasília e ficarão em um presídio federal. A família de Marielle se disse surpresa com a suposta participação do delegado Rivaldo porque ele era conhecido da vereadora e tinha confiança dela.

Também houve cumprimento de 12 mandados de busca e apreensão. Os alvos são policiais e os motivos da ordem judicial não foram fornecidos pela PF.

O ex-titular da Delegacia de Homicídios, Giniton Lages, Marcos Antônio de Barros Pinto e Erika de Andrade de Almeida Araújo estão na lista dos alvos de buscas. A PF não revelou o grau de envolvimento deles. A reportagem tenta contato com os envolvidos na operação da PF.

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O que dizem os suspeitos

Após a delação, o deputado Chiquinho Brazão negou envolvimento. Ele afirmou que "tinha a mesma posição política que Marielle" e colocou em dúvida a delação afirmando que era o relato de Ronnie Lessa partiu de um criminoso. A defesa dele ainda não se manifestou após a prisão.

A defesa de Domingos nega envolvimento do conselheiro do TCE no crime. "Ele não tem ligação com a Marielle politicamente, não a conhecia", disse o advogado Ubiratan Guedes, na sede da PF.

O advogado da Associação dos Delegados, Alexandre Dumans, disse que a prisão de Rivaldo foi recebida com "surpresa". Ele não foi constituído para fazer a defesa do ex-chefe da Polícia Civil, mas afirmou que será assim que tiver contato com Rivaldo.

"Minha função é tentar ver o que está acontecendo e tentar obter a liberdade em um momento oportuno", afirmou Dumans. Ele disse à imprensa que não teve contato com Rivaldo por ordem da PF.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferentemente do informado em versão anterior desta matéria, o atentado em que Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados aconteceu em 14 de março de 2018, e não em 18 de março de 2018. O erro foi corrigido.

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