MP acusa PMs de forjar tiroteio e matar morador de rua na Operação Escudo
O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) ofereceu denúncia contra três policiais da Rota que teriam forjado um tiroteio para justificar o assassinato de Jefferson Junio Ramos Diogo, um homem que vivia em situação de rua no centro de São Paulo, mas apareceu morto no litoral.
O que aconteceu
Um deles, o soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo, foi assassinado em fevereiro deste ano durante a Operação Verão. Mesmo assim, a conduta dele no homicídio de Jefferson Junio em julho de 2023, durante a Operação Escudo, foi descrita na denúncia. As duas ações policiais ocorreram na Baixada Santista.
Pedido de afastamento e suspensão. Outros dois PMs da Rota, o segundo-sargento Rafael Perestrelo Trogillo e o cabo Rubem Pinto Santos, que estavam na mesma guarnição de Cosmo, também foram denunciados pela Promotoria. O MP requisitou o afastamento ou suspensão do exercício funcional de ambos. A Justiça tornou os dois réus e determinou seus afastamentos de imediato.
Como Cosmo morreu, o MP pediu que fosse declarada extinta sua punibilidade. A denúncia, obtida em primeira mão pelo UOL, foi apresentada em 21 de março deste ano.
O que diz a denúncia
Pistola forjada junto à vítima. Na acusação, o MP diz que, além de terem praticado um homicídio, os policiais Cosmo, Trogillo e Santos puseram uma pistola junto à vítima e obstruíram propositalmente as câmeras corporais que usavam.
Mortes na operação Verão. Seis dias depois do assassinato de Cosmo, Trogillo e Santos participaram de outras duas mortes ainda durante a Operação Verão na Baixada. Em supostos confrontos, eles mataram, na mesma ação, Cledson Pereira da Silva e Thiago de Oliveira no dia 8 de fevereiro.
Pedidos de entrevista negados. A reportagem pediu na segunda-feira (22), via assessoria de imprensa da SSP (Secretaria da Segurança Pública), entrevistas com os PMs Trogillo e Santos. O pedido não foi atendido.
PMs afastados. Em nota, a SSP informou que "todas as circunstâncias dos fatos foram apuradas por meio de Inquérito Policial Militar e o procedimento foi remetido à Justiça Comum em outubro de 2023". A pasta também informou que os policiais foram afastados das atividades operacionais e passaram a atuar em funções administrativas, conforme determinação judicial.
Mesmo com câmeras operacionais, não hesitaram em simular a apreensão de uma pistola ao lado do corpo da vítima que, em verdade, estava desarmada.
Trecho da denúncia do MP
Cena adulterada
Cosmo foi assassinado em fevereiro durante uma incursão em uma favela do bairro Rádio Clube, em Santos. A câmera corporal do soldado demonstrou sua atuação: ele acompanhava outros dois PMs quando decidiu se separar e entrar, sozinho, em uma viela. Logo em seguida, um criminoso, escorado em um cruzamento, disparou contra ele. O principal suspeito foi preso dias depois.
Sete meses antes, Cosmo tinha agido de maneira semelhante, segundo a denúncia do MP. Na favela da Prainha, no Guarujá, em julho de 2023, o soldado e os outros dois PMs teriam assassinado Jefferson Junio Ramos Diogo.
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Quero receberPMs em campana. O MP afirma que, ao avançarem pela favela, os três PMs se posicionaram atrás de uma vegetação, onde permaneceram por seis minutos. Durante a campana, os PMs viram três pessoas, duas delas armadas e a outra com uma mochila nas costas
Arma plantada. Na sequência, os demais PMs se juntaram a Cosmo. Juntos, observaram o corpo de Jefferson Junio. O MP aponta, ainda, que o cabo Santos plantou uma arma ao lado do corpo do rapaz e, depois, fingiu tê-la encontrado.
Mais de 80 mortos. Juntas, as operações Escudo e Verão foram finalizadas com 84 pessoas mortas por policiais militares. A primeira operação ocorreu após o homicídio do soldado da Rota Patrick Bastos Reis, enquanto a segunda foi intensificada após o assassinato de Cosmo.
Samuel Wesley Cosmo, sozinho, progrediu lateralmente, pela esquerda, e se abrigou atrás do muro de uma casa e, novamente gritando 'larga a arma', efetuou mais quatro disparos.
Trecho da denúncia do MP
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