'Minha família está abrigada com animais no aviário', diz moradora do RS

Moradores da região de Arroio do Meio, no Rio Grande do Sul, estão ilhados, outros abrigados em cidades vizinhas, sem energia e sem qualquer tipo de comunicação. Em Forqueta, uma família buscou abrigo em um aviário, junto com outros animais.

As irmãs Andrea Fucks, 30, e Adriana Fucks, 32, estão fora de casa desde a última segunda-feira (29), quando viram a água invadir de forma rápida e violenta o escritório de contabilidade da família e a própria residência.

Moro em Arroio Grande que é no interior de Arroio do Meio. Na segunda começou a chuva forte, aí os arroios começaram a sair e eu não consegui mais voltar pra casa. Em Arroio Grande teve desmoronamento de terras, as pontes foram levadas. Tem lugar que nem telhado dá pra ver mais, disse a contadora Andrea Fucks, ao UOL.

O que se sabe

As linhas telefônicas foram danificadas por causa da chuva. Boa parte da comunicação está sendo feita via rádio. Segundo os moradores, as notícias sobre outras cidades e familiares estão limitadas.

A gente não tem mais informações. Estamos agora no bairro Bela Vista e, daqui, a gente consegue ver a água cobrindo tudo. Na cidade de Arroio do Meio, pelo que a gente sabe, neste momento, a água ainda não chegou na igreja, que é o ponto mais alto, mas assim, está horrível. Não sei que horas isso vai passar, desabafou Andrea.

"Minha família está junto com os animais no aviário"

A família das irmãs é produtora de leite na região da cidade de Forqueta (RS) e possui um aviário. Segundo elas, a água tomou conta de boa parte da área. Os animais foram realocados, outros fugiram ou morreram. A família está há mais de 24 horas sem comunicação.

A última vez que a gente conseguiu contato com a minha mãe foi ontem à tarde. O rio Forqueta estava dentro da casa dos meus pais. A água já estava saindo pelas janelas. A última coisa que ficamos sabendo é que a nossa família está junto com os animais no aviário, contou Adriana Fucks ao UOL.

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A gente não tem mais contato com ninguém. A única coisa que a gente sabe é que o rio está crescendo, então, assim, aqui está todo mundo desesperado, sem saber o que fazer. Estamos vivendo algo pior do que setembro do ano passado. Os bairros entre si não conseguem mais se contatar, está bem desesperador aqui de verdade, não sei o que nos espera para cá ainda. Não para de chover, afirmou aflita Andrea ao UOL.

Cemitério de Arroio Grande, no Rio Grande do Sul
Cemitério de Arroio Grande, no Rio Grande do Sul Imagem: Arquivo Pessoal

Estado de calamidade

O governador Eduardo Leite (PSDB) decretou estado de calamidade pública no estado. As chuvas e enchentes foram classificadas como desastres de nível 3 — "caracterizados por danos e prejuízos elevados".

O decreto tem um prazo de 180 dias. "A situação de anormalidade declarada em âmbito estadual por este Decreto, não obsta o início ou o prosseguimento da declaração em âmbito local pelos Municípios, que poderão avaliadas e homologadas pelo estado", diz o texto.

Rio Grande do Sul tem ao menos 21 mortes pelas chuvas. Os óbitos foram registrados contabilizados pelo UOL com base em informações disponibilizadas pela Defesa Civil e Corpo de Bombeiros.

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Há 21 desaparecidos em cinco cidades. São elas: Candelária (8), Encantado (6), Roca Sales (4), São Vendelino (2) e Passa Sete (1).

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