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Rio Grande do Sul: Como as chuvas começaram? Por que alagou tanto?

O volume intenso de chuvas, que devastou boa parte do Rio Grande do Sul e já provocou mais de 100 mortes, surpreendeu gaúchos e autoridades. O fenômeno, no entanto, pode ser explicado por uma condição de fatores.

Como as chuvas começaram?

Encontro de massas explica o que aconteceu no Rio Grande do Sul. Segundo Luiz Natchigall, da Metsul Meteorologia, o estado foi atingido por uma massa de ar frio, que veio do sul do continente, e se encontrou com uma massa de ar quente que já circulava em boa parte do centro-norte do Brasil. Quando há esse encontro, a tendência é de que a água passe por um processo de condensação, ou seja, do gasoso para o líquido. É justamente aí que há a formação de nuvens e, consequentemente, das chuvas.

Massa de ar quente formou uma espécie de "barreira". De acordo com o coordenador-geral de Operações e Modelagem do Cemaden, Marcelo Seluchi, essa barreira impediu a passagem da massa de ar frio e fez com que nuvens carregadas ficassem presas sobre a Região Sul. O fenômeno provocou o acúmulo extremo de chuvas por alguns dias, entre abril e o início de maio.

O aquecimento de uma parte do oceano Índico, que fica na costa da África, também ajuda a explicar as chuvas intensas no Rio Grande do Sul. O aquecimento fora do normal está ligado ao chamado aquecimento global — que é o aumento anormal da temperatura média do planeta devido à intensificação do efeito estufa.

Por que alagou tanto?

A chuva acumulada caiu em uma região de nascentes. Porto Alegre, capital do estado, foi uma das mais castigadas: a cidade é banhada pelo Guaíba, que recebe as águas vindas de outras bacias hidrográficas afetadas pelos temporais, como Taquari e Caí. O Guaíba atingiu o nível recorde de 5,30 m, segundo medição feita pelo Ceic (Centro Integrado de Coordenação e Serviços de Porto Alegre). A cota de inundação, que é quando o volume de água transforma-se em enchente e pode causar danos, é de 3 m.

Relevo também explica motivo de alagamento histórico. A capital gaúcha fica a poucos metros do nível do mar e está cercada por montanhas. Á água que desce para o Guaíba em alta velocidade. Depois, esse volume segue para a Lagoa dos Patos e deságua através do funil do Rio Grande, no sul do estado, no Oceano Atlântico.

Mas não foi só a natureza. Problemas estruturais, como o transbordamento de diques, a incapacidade das bombas e o rompimento de barragem, intensificaram o problema.

Rio Grande do Sul foi alvo de chuvas extremas. Algumas regiões do estado chegaram a receber volume acumulado de 300 milímetros (mm) em menos de uma semana. Em Bento Gonçalves, esse acúmulo de água foi de 543,4 mm. Cada milímetro de chuva equivale a 1 litro de água por metro quadrado. Isso significa então que a cidade gaúcha recebeu 543 litros de água por metro quadrado.

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