'Esmolaria' católica: de onde saem os R$ 550 mil doados pelo papa ao RS?
O Papa Francisco doou 100 mil euros (R$ 550 mil) para auxiliar no atendimento às vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul. O valor será repassado para o Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que abrange todo o estado, e chega por meio da Esmolaria Apostólica, um órgão da Igreja Católica que cuida de doações do pontífice.
"Fomos informados através da Nunciatura Apostólica de que o Santo Padre destinou um valor substancial, através da Esmolaria Apostólica, para auxílio dos desabrigados", disse o arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB, dom Jaime Spengler.
No domingo (5), Francisco já havia manifestado sua solidariedade aos afetados pelas fortes chuvas no Sul. "Quero assegurar a minha oração pelas populações do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, atingidas por grandes inundações. Que o Senhor acolha os mortos e conforte os familiares e quem teve que abandonar suas casas", disse.
De onde vem o dinheiro?
O dinheiro doado pela Igreja Católica vem da Esmolaria Apostólica, uma espécie de departamento no Vaticano inteiramente dedicado à solidariedade.
A ajuda aos mais pobres é uma prática que remonta aos primeiros séculos da Igreja e do próprio cristianismo, em que os primeiros sete diáconos, escolhidos pelos apóstolos de Cristo, tinham como tarefa distribuir as doações dos ricos.
Um documento oficial escrito em latim de Inocêncio 3º (1198-1216) menciona o cargo de "Esmoler" (Esmoleiro) como algo já existente. Mas, quem organizou oficialmente a Esmolaria Apostólica foi Gregório X (1271-1276), que estabeleceu suas atribuições.
Com o passar dos anos, essa responsabilidade foi integrada e formalizada pela Igreja Católica.
Hoje em dia, a Esmolaria promove ações de caridade utilizando os recursos financeiros e os alimentos doados por empresas, pessoas físicas e governos estrangeiros.
Konrad Krajewski é o atual esmoleiro-oficial, espécie de secretário à frente do departamento. Ele é nascido na Polônia e radicado em Roma há mais de duas décadas.
E como arrecadam fundos?
Além das doações, uma parte dos fundos é angariada por uma espécie de "venda" de pergaminhos abençoados pelo Papa - em que se concede a Bênção Apostólica por meio de diplomas em papel pergaminho, os quais, para serem autênticos, devem ter a assinatura do próprio Esmoler e o selo seco de seu departamento.
Esses "documentos" são utilizados pelos fiéis como certificados para batismos, primeiras comunhões, crismas e casamentos. Além disso, são disponibilizados online, com preços de até 30 euros.
No entanto, a Benção Papal é totalmente livre de custos, cobrando-se apenas os custos de produção [pergaminho e carimbo] e um acréscimo destinado para caridade.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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