Moradores relatam agressão de guardas em ação da prefeitura de Porto Alegre
Moradores do Vila Nova Brasília, no bairro Sarandi, na zona norte de Porto Alegre, relataram agressões e truculência da Guarda Civil do município em reintegração de posse para demolições de casas próximas ao dique.
O que aconteceu
Moradores relatam que foram agredidos com balas de borracha e gás de pimenta pela Guarda Civil de Porto Alegre por volta das 12h. Segundo relatos, as pessoas exigiam documentação para permitir a demolição das casas.
Pessoa que negociava foi embora e ânimos se exaltaram. De acordo com a deputada estadual Laura Sito (PT), que acompanhava a operação, os moradores exigiam a garantia de que receberiam um bônus para adquirirem novas moradias - o que não aconteceu.
O Departamento Municipal de Habitação (Demhab), em comunicado, disse que os técnicos constataram que as casas estavam vazias. Ainda segundo a entidade, os moradores já teriam retirado seus pertences das 37 residências interditadas - possibilitando as demolições. O Demhab ainda pontuou que todas as casas são irregulares. (Leia abaixo o outro lado)
Moradores se recusaram a sair. Sem saber qual destino seguir e se o dinheiro será destinado, os populares resistiram a saída, impedindo o trabalho das máquinas para as demolições. Então, a guarda começou a atirar balas de borracha e usar spray de pimenta para conter os manifestantes.
Elas foram informadas que têm direito a bônus, aí perguntaram do cadastro e dos papéis, mas eles não tinham, tudo feito daquele jeito. Foi debatido com a prefeitura para pedirem a garantia. E foi um determinado momento que a pessoa se retirou, o cara que negociava. Aí a guarda municipal começou a agredir a população.
Laura Sito (PT), presidenta da Comissão de Direitos Humanos da ALRS
Muita truculência da prefeitura, a guarda agrediu moradores e um advogado dos moradores com gás e bomba. Tudo isso para demolir as casas
Maurício Lorenzatto, morador
A Guarda Municipal, por sua vez, disse que precisou agir após um procurador ser agredido pelos moradores. Em nota ao UOL, concluiu que ninguém ficou ferido e o acolhimento das famílias foi realizado.
Recomposição pós enchentes
A área que será destituída pela prefeitura foi extremamente afetada pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no mês de maio. Prejuízos se acumularam e a prefeitura decidiu reparar o dique do bairro, que fica numa área onde 70 mil pessoas vivem.
A prefeitura, por meio da secretaria de Serviços Urbanos, iniciou recomposição do dique Sarandi na terça-feira (28). Contudo, as demolições começaram nesta quarta (29).
Um dique é como uma grande barreira que impede que a água do arroio Sarandi chegue até residências do bairro.
Moradores do dique querem ser cadastrados no programa da prefeitura. Eles (da prefeitura) se comprometeram a cadastrar, mas não disseram que benefícios são esses para as pessoas. E a gente está aguardando isso.
Maurício Lorenzatto, morador
Negociação para as obras
A Prefeitura de Porto Alegre informou que estava negociando as remoções das famílias. No entanto, durante o início das demolições nesta quarta, os moradores negaram qualquer documentação garantindo o comprometimento da prefeitura na realocação das pessoas.
A prefeitura não veio aqui para negociar com as pessoas desde que o buraco rompeu no dique. Aí chegou e arrombou a casa das pessoas sem conversar com ninguém, aí a gente num grupo tentou identificar os moradores e eles disseram que dariam um bônus. Todos se indignaram porque a prefeitura disse que ia iniciar a demolição das casas.
Maurício Lorenzatto, morador
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Quero receberOutro lado
Prefeitura disse que encaminhará R$ 127 mil para cada família. A quantia é destinada para nova moradia. A Secretaria Municipal de Habitação e Regularização Fundiária informou que a garantia foi dada pela titular da pasta, Simone Somensi, aos moradores.
Somensi se reuniu com as famílias na tarde desta quarta. "Enquanto tramitar o processamento do Bônus-Moradia, que está garantido para essas famílias, mas pode levar alguns meses até ser formalizado, elas poderão receber parcelas do Estadia Solidária, que oferece solução provisória de moradia", finalizou.
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