Garagem de ônibus foi usada como heliponto e centro de doações no RS

Uma garagem com 2 mil metros quadrados de uma empresa de ônibus com linhas municipais em São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre, foi usada como centro de doações e heliponto nos resgates em meio às chuvas no Rio Grande do Sul. Por quatro semanas, voluntários atuaram no local em ações voltadas às vítimas das inundações, com distribuição de marmitas, roupas, água e itens de limpeza.

No começo de maio, enquanto pessoas ilhadas em imóveis debaixo d'água eram socorridas com o auxílio de embarcações, helicópteros do Exército começaram a pousar no terreno da Viação Leopoldense para ajudar nos resgates. "Vamos nos ajudar", propôs um militar paranaense, que em seguida sobrevoou a região indicando o ponto correto de resgate de dois cães em uma área de difícil acesso.

A proposta foi seguida à risca. Nas semanas seguintes, militares passaram a enviar mantimentos regularmente em caminhões para o local, que funcionou como uma espécie de QG para voluntários.

Abri espaço dentro da empresa. Aí, o pessoal começou a enviar doações. A ideia era ajudar a população. Deu certo.
Evandro Duarte, gerente de Manutenção da Viação Leopoldense

Ali, eram distribuídas cerca de 500 marmitas por dia, água, itens de limpeza e roupas para quem tinha perdido tudo. Mãe de cinco, Juliane Reis, 36, estava entre aquelas pessoas que faziam fila em frente à garagem da empresa de ônibus de São Leopoldo em busca de marmita para se alimentar. Ela teve a casa tomada pela enchente e precisou buscar abrigo na casa de um amigo.

Sem essa ajuda, a gente não teria o que comer.
Juliane Reis

Evandro Rodrigues, Evandro Duarte e Rafael Lemes atuaram como voluntários na Viação Leopoldense, em São Leopoldo (RS)
Evandro Rodrigues, Evandro Duarte e Rafael Lemes atuaram como voluntários na Viação Leopoldense, em São Leopoldo (RS) Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

A mobilização para receber e distribuir marmitas começou após uma live no Instagram publicada pelo vendedor Carlos Rafael Limes, 43. "Depois, criamos uma rede de contatos entre voluntários para fazer com que as marmitas chegassem aos locais onde estavam os desabrigados", disse.

As ações, que contaram com a participação direta de cerca de 30 voluntários, foram encerradas na última terça-feira (28). "A gente atendeu todo mundo que veio até a nossa porta. Fizemos o que foi possível", disse o empresário Evandro Rodrigues, o Mamao, em entrevista ao UOL enquanto a garagem da Viação Leopoldense ainda funcionava como um espaço aberto para quem precisava de ajuda.

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E, após o encerramento da atuação voluntária, Mamao fez uma postagem com a sensação do dever cumprido de quem também está entre as vítimas das chuvas. "Dediquei quase um mês para os que estavam precisando. Hoje, comecei a reconstruir o pouco que sobrou [da minha casa]", escreveu, em vídeo que exibia imagens do seu imóvel sendo lavado.

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