Caso brigadeirão: quem é a psicóloga presa por suspeita de matar namorado

Júlia Andrade Cathermol Pimenta é suspeita de matar o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond com um brigadeirão envenenado. A mulher se entregou à polícia por volta das 23h da terça-feira (4), no Rio de Janeiro.

Quem é Júlia

A principal suspeita do crime tem 29 anos e se formou em psicologia em 2021. Ela estudou em uma universidade privada do Rio de Janeiro.

Júlia Andrade diz que atuou profissionalmente com atendimentos virtuais desde a formação. Mas contou à polícia que após começar a namorar Luiz, ele não a deixava trabalhar. "Ele não queria que eu atendesse [os pacientes], só que era muito ruim ter que pedir dinheiro para ele".

Ela parou de trabalhar nos primeiros dias de maio. A versão foi contada por Júlia durante o depoimento, quando ainda não era suspeita, no dia 22 de maio. "Eu parei [de atender] tem umas duas semanas", disse.

Júlia foi morar com o empresário no dia 19 de abril, mas detalhou que já conhecia ele desde 2013. Ela lembrou que vivia a mesma rotina com Luiz todos os dias. Ele preparava o café da manhã, eles assistiam televisão e iam dormir, em locais separados. Ela no quarto e ele no sofá.

Disse ainda que não tinha conhecimento das movimentações financeiras do namorado. "Só sei que ele queria comprar um apartamento".

Nas redes sociais, Júlia aparentava ter um bom relacionamento com a mãe. Ela aparecia em diversas fotografias do lado da mãe. Em 2018, em uma das publicações, ela é descrita como "um ser de luz, que brilha tanto".

Relacionamento com outro homem

Júlia Andrade Cathermol Pimenta, suspeita de matar o namorado, o empresário Luiz Marcelo Ormond,
Júlia Andrade Cathermol Pimenta, suspeita de matar o namorado, o empresário Luiz Marcelo Ormond, Imagem: Reprodução/Fantástico
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A suspeita mantinha relacionamento com outro homem. Ele soube da traição ao descobrir o crime pela TV, segundo a Polícia Civil.

A psicóloga mantinha relacionamento com um advogado há mais de dois anos, indica investigação. Em depoimento, o outro namorado de Júlia Andrade disse inclusive que o casal planejava noivar. A identidade dele é mantida sob sigilo.

Júlia alegava viagens a trabalho para justificar a sua ausência, disse o outro namorado.

A advogada da Júlia, Hortência Menezes, afirmou que a cliente pode ter algum transtorno mental. "Imaginamos que embora ela seja uma psicóloga, tal fato não exclui que a mesma possa manifestar um transtorno mental", diz nota enviada pela advogada.

Gostaria de reafirmar que estamos diante de um caso muito delicado, além do fato de que não houve tempo hábil para que a defesa técnica da Sra. Júlia pudesse ser esclarecida acerca das mesmas dúvidas que a sociedade e a imprensa neste momento questionam, principalmente em relação ao que levou uma psicóloga que exercia a sua profissão, de bons antecedentes, primária, com uma família estruturada, se colocar numa posição tão difícil e complicada.
Hortência Menezes

Júlia se entregou após negociação

Ela foi presa após negociação entre a defesa e a polícia. A mulher se apresentou no 25ª DP (Engenho Novo).

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Na delegacia, Júlia conversou com a mãe, com o padrasto e com a advogada. Após optar por permanecer em silêncio, foi levada para a carceragem, nos fundos da unidade policial.

A mulher está presa na Cadeia Pública José Frederico Marques, no bairro Benfica. Em audiência de custódia, realizada ontem, a Justiça do Rio de Janeiro decidiu que ela permanecerá presa.

'Vai colaborar com investigações'. A advogada da Júlia, Hortência Menezes, disse que a psicóloga "está assustada, mas vai colaborar" com a polícia.

Houve uma negociação com a advogada para que ela se entregasse. Aí, foi indicado um local para que pudéssemos prendê-la. Em princípio, ela quis ficar calada. Gostaríamos de ouvi-la novamente, porque temos pontos importantes a esclarecer sobre a investigação do caso.
Marcos Buss, delegado responsável pela investigação do caso

Relembre o caso

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Luiz havia sido visto pela última vez no dia 17 de maio. Câmeras de segurança registraram o momento em que ele e Júlia deixam a piscina e entram no elevador. As imagens mostram que ele segura um prato e ela uma cerveja. Em determinado momento, eles se beijam.

O corpo do empresário foi encontrado no sofá do apartamento em avançado estado de decomposição. O imóvel fica localizado no Engenho Novo, na zona norte do Rio. Conforme o laudo do Instituto Médico Legal, o homem morreu de três a seis dias antes de o corpo ser encontrado. A causa da morte foi inconclusiva.

Júlia teria permanecido no apartamento da vítima por dias. O delegado Marcos Buss disse que o caso é "aberrante" e evidencia extrema "frieza". "Ela teria permanecido no interior do apartamento da vítima com o cadáver por cerca de três a quatro dias. Lá, ela teria dormido ao lado do cadáver, se alimentado, descido para a academia, se exercitado", disse.

Para a polícia, o crime foi premeditado e teria interesse financeiro.

Outra mulher foi presa no dia 29 por suspeita de envolvimento no crime. Suyany Breschak, suspeita de ajudar Júlia a vender alguns bens do empresário, relatou em depoimento que a namorada de Luiz seria garota de programa e tinha uma dívida de R$ 600 mil com ela.

Advogado de Suyany diz que ela tinha apenas interesse financeiro no caso e não na morte do empresário. Ao UOL, o advogado Etevaldo Tedeshi apontou que entrou com pedido para a cliente responder em liberdade e reforçou que ela não tem qualquer envolvimento no crime.

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