Conteúdo publicado há 5 meses

Aplicativo diz revisar segurança 'com urgência' após morte de jovem em SP

O aplicativo de relacionamentos Hornet, usado por um jovem que foi baleado e morreu após marcar um encontro amoroso por meio da plataforma, afirmou ao UOL que está revisando a segurança do app com "urgência" após o caso.

O que aconteceu

Aplicativo diz lamentar "profundamente" a morte do usuário Leonardo Rodrigues Nunes, de 24 anos. "Nossas mais sinceras condolências vão para sua família e amigos durante este momento difícil."

A informação de que o jovem usou o aplicativo para marcar o encontro foi divulgada pela amiga da vítima, Evelyn Miranda, nas redes sociais: "Esse app gay [usado pelo Leonardo] foi o Hornet. Então, por favor, parem de usar essa merd*, no mínimo". Após a morte do jovem, relatos de outros homens atraídos por criminosos através de aplicativos de relacionamento, especialmente apps gays, para "golpes do amor" repercutiram nas redes.

Plataforma afirmou que está cooperando "plenamente" com a polícia e que não poderia comentar mais o caso em razão da investigação estar em andamento. Todavia, o aplicativo ressaltou que deseja "garantir" aos usuários do aplicativo o seu compromisso com a segurança.

Ao UOL, Gerry Monaghan, diretor de operações do Hornet, citou um documento de "compromisso" da empresa com a segurança LGBTQIAP+ na plataforma. Publicado em 2022, o documento conta com 10 pontos centrais, entre eles "sempre combater a fraude e outros comportamentos que ocorrem de forma desenfreada em muitas plataformas" e "prometer que a segurança física dos nossos usuários continuará sempre a ser uma prioridade máxima".

Verificação de identidade é oferecida ao usuário da conta, mas é cobrada. Segundo o aplicativo, essa função foi lançada no Brasil, sendo gratuita entre o período de 29 de agosto a 3 de outubro de 2023. Depois desta data é cobrada a taxa de R$ 4,90 que, conforme a plataforma, serve para "cobrir os custos na administração deste serviço específico". "O Hornet não lucra com isso", informaram.

O Hornet também esclareceu à reportagem que realiza várias verificações quando um perfil é criado, incluindo o uso de inteligência artificial, para "garantir que o perfil é real". Eles ainda informaram que tem um sistema em que os usuários podem denunciar os perfis falsos ou que exista alguma alegação, e que esses relatos são analisados por um ser humano. Por fim, a plataforma disse trabalhar com uma empresa que usa "ex-hackers" para encontrar e corrigir vulnerabilidades no aplicativo, sendo o primeiro aplicativo LGBTQIAP+ a fazer isto.

O Hornet revisa continuamente seus processos e procedimentos de segurança e continuaremos a fazê-lo. À luz deste caso recente [da morte do Leonardo], estamos revisando-os com urgência.
Gerry Monaghan, diretor de operações, ao UOL

A reportagem questionou a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo se a Polícia Civil irá exigir que o aplicativo passe as informações do usuário que Leonardo conversou antes de ir ao encontro, mas não obteve resposta sobre isso. Amigos do jovem disseram que o perfil que falava com a vítima foi apagado após a morte.

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Relembre o caso

Vítima foi encontrada baleada na noite do dia 13 de junho. Leonardo Rodrigues Nunes foi achado ferido na rua Rolando, no bairro da Vila Natália, na região do Sacomã, na zona sul da capital paulista.

Jovem foi socorrido e levado ao Pronto-Socorro do Hospital Ipiranga, mas não resistiu e morreu. Foram solicitados exames ao IC (Instituto de Criminalística) e ao IML (Instituto Médico Legal). A vítima morava no centro de São Paulo, mas era natural de Minas Gerais.

Leonardo havia marcado um encontro amoroso por aplicativo na noite do dia 12 de junho — em que é comemorado o Dia dos Namorados. O rapaz compartilhou a localização dele com um amigo antes de encontrar o homem. Um amigo da vítima registrou o boletim de ocorrência por desaparecimento depois que o jovem não respondia até o horário combinado entre eles.

DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) investiga o caso. Procurada, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública) disse na quarta-feira (19) que está ouvindo familiares e amigos da vítima para coletar informações que auxiliem na investigação do caso. "Os trabalhos seguem em andamento para esclarecer as circunstâncias do crime", acrescentou a pasta, sem informar que se algum suspeito de cometer o crime foi identificado.

Segundo Ivalda Aleixo, diretora do DHPP, Leonardo nem chegou ao local de encontro. "Ele sai do carro de aplicativo e já há dois indivíduos de moto, que se aproximam e já começam a atirar nele. Levaram tudo dele. Não tinha celular, documentos, não tinha nada", revelou a delegada ao Brasil Urgente (TV Bandeirantes).

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Família e amigos de Leonardo acreditam em crime de ódio relacionado à homofobia. Nas redes sociais, a mãe dele, Adriana Rodrigues, escreveu que "essa luta agora é minha". Ela descreveu o filho como uma pessoa maravilhosa e um ser humano iluminado. Para Aleixo, porém, não há indício de homofobia no crime, conforme dito pela delegada à Folha de S.Paulo.

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