Lessa diz que convenceu Macalé a não matar Freixo: 'Tem 20 seguranças'

O ex-policial Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, disse em delação à PF (Polícia Federal) que convenceu o também ex-policial Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, a desistir do plano de matar o então deputado estadual Marcelo Freixo.

O que aconteceu

Lessa afirmou que foi procurado por Macalé em 2017, antes do plano para matar Marielle, com a sugestão de assassinar Freixo. "Ele falou: 'Oh, Lessa, tem como levantar o Marcelo Freixo?'. Aí eu falei: 'porra, Macalé, tem, mas...'. Aí a ficha foi caindo. Eu achei que ali fosse a tal missão que ele estava preparando que a gente ia ficar milionário, né? Ele: 'Não, não. Lessa, vamos lá. Tem como levantar?".

O assassino de Marielle, então, responde: "O cara tem 20 seguranças. Você tem algum amigo sniper? Porra, Macalé, você tem noção do problema que isso gera? Sniper por sniper eu sou, porque eu atiro de fuzil, de ferrolho, há quase 30 anos".

Lessa também teria dito que o assassinato seria difícil porque Freixo morava em Niterói. "Macalé, Niterói, o cara tem 20 seguranças, não tem tanto sniper no Rio de Janeiro. [...] No meio de 20 seguranças? Nós não vamos provocar uma pessoa qualquer. A gente tá provocando Marcelo Freixo. É uma coisa bem ampla, que mexe com partidos, é uma coisa muito grande, pesada". "Fui tirando isso da cabeça dele. Aí, ele aceitou, não cobrou mais", disse o ex-policial à PF.

Segundo a delação, Macalé sugeriu outros políticos do PSOL e dizia que eram pedidos dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão. Os dois foram presos acusados de mandar matar Marielle Franco.

Lessa fez cerca de 900 pesquisas sobre políticos em plataforma de dados, de acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo. A lista de pesquisa também traz nomes de políticos ligados ao PSOL, como o deputado Chico Alencar, os ex-deputados Marcelo Freixo e Jean Wyllys, o ex-vereador Renato Cinco e o músico Marcelo Yuka, que em 2012 foi vice na chapa do partido na disputa à Prefeitura do Rio de Janeiro.

No mês passado, o jornal O Estado de S.Paulo noticiou que Ronnie Lessa havia citado Freixo na delação à PF. O atual presidente da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) disse, ao jornal O Globo, que a fala do ex-policial é "grave" e o chamou de "psicopata".

Sigilo de delação

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, retirou, nesta sexta-feira (7), o sigilo da delação de Ronnie Lessa.

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Moraes também autorizou a transferência de Lessa para Tremembé, no interior de São Paulo. Atualmente, ele está na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS).

O sigilo foi retirado já que parte do conteúdo foi divulgado pela imprensa, explicou o ministro. Outros anexos foram mantidos como sigilosos.

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