Paulista estará aberta para pedestres no próximo domingo?

A Avenida Paulista estará aberta para a circulação de pedestres no próximo domingo (23), informou a Prefeitura de São Paulo.

O que aconteceu

Via será liberada para o lazer após duas semanas. A Subprefeitura Sé diz que a suspensão do programa Ruas Abertas foi pontual e que segue orientações da PM para "adotar as medidas mais seguras à população" quando há manifestações.

Paulistanos e turistas foram pegos de surpresa. Nas redes sociais, moradores criticaram a gestão Ricardo Nunes (MDB). Imagens mostram pedestres dividindo espaço nas calçadas com ambulantes, corredores e ciclistas.

Prefeitura diz que programa foi suspenso após recomendação da PM. No último domingo (16), a Marcha da Maconha e uma corrida de carrinhos do tipo rolimã na Avenida Brigadeira Luiz Antônio, que cruza a Paulista, influenciaram na decisão. Em 9 de junho, uma manifestação bolsonarista ocupou algumas quadras da Paulista. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seus familiares e outros aliados de primeiro escalão não estiveram no local e o ato foi considerado "tímido".

O urbanista e professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP), Nabil Bonduki, diz que vê a decisão da Prefeitura de SP com estranheza. Ele é um dos autores do projeto de lei que criou o programa Ruas Abertas em 2016. Também foi secretário de Cultura na gestão Fernando Haddad (PT).

Se é uma questão de segurança, é muito mais seguro fazer uma manifestação numa rua sem carro. Acho esquisito. A Paulista aberta é para ter manifestações, lazer, atividades culturais, que são muito mais compatíveis que o tráfego de veículos.
Urbanista Nabil Bonduki

Bonduki avalia que hoje o programa está paralisado. "O que eu sinto é uma certa despreocupação com a implementação do programa como está na lei, que prevê pelo menos uma rua aberta por subprefeitura. São pouquíssimos espaços e mesmo na rua Galvão Bueno [no bairro da Liberdade], as ruas só abrem para pedestres aos domingos, mas o dia mais movimentado é sábado. O programa precisa ser expandido, mas com critério".

Ele também criticou a redução do horário do Ruas Abertas na Paulista, que antes funcionava até as 18h e agora vai até as 16h. "É uma forma de reduzir o impacto do programa. Vejo com preocupação. O programa deve ser visto como uma mudança do padrão de mobilidade da cidade, que desestimula o uso do carro e estimula a mobilidade ativa e o uso do transporte coletiva. Não é um programa isolado".

Ruas Abertas também foi suspenso em maio. A Prefeitura de SP cancelou o programa por causa do "Enem dos Concursos", que aconteceria no dia 5 de maio. O exame foi adiado, mas as autoridades decidiram manter a Paulista fechada para pedestres.

Continua após a publicidade

Em nota ao UOL, a Prefeitura de SP reafirmou a continuidade da iniciativa, que começou a funcionar como teste em 2015. "O Ruas Abertas é um programa consolidado e ampliado pela atual gestão, além de aprovado pela população".

A reportagem perguntou como a população pode se informar sobre a suspensão do Ruas Abertas. Segundo a Subprefeitura Sé, casos pontuais de canelamento são divulgados no Diário Oficial, no site da Sub Sé e nas redes sociais. Para Bonduki, a comunicação como está não é eficiente. "Talvez tivesse que ter um site específico para avisar a população, mas a suspensão do programa deveria ser uma coisa tão excepcional que essa questão da comunicação perderia importância".

O UOL também procurou a Secretaria de Segurança Pública, que diz que o programa foi suspenso para proteger os manifestantes e população no geral. "A PM esclarece que em toda manifestação é feito um estudo técnico para definição do efetivo empregado e das medidas de segurança, tanto para os participantes como para os demais cidadãos. Dependendo da expectativa de participantes são definidas estratégias operacionais diferentes para cada evento".

Deixe seu comentário

Só para assinantes