Paciente torturado: Donos de clínica já foram investigados por maus-tratos
Os proprietários da clínica Comunidade Terapêutica Efatá, onde um paciente morreu após ser agredido por um colaborador, já tiveram outro estabelecimento semelhante e foram investigados por maus-tratos.
O que aconteceu
Casal já foi alvo de inquérito policial em 2019. Na ocasião, Terezinha de Cassia de Souza Lopes da Conceição e o sócio e marido, Cleber Fabiano da Silva, entraram na mira da polícia por suspeita de atentar contra a integridade física e mental de um adolescente que se tratava contra dependência química.
A defesa de Terezinha e Cleber alega que a investigação se baseou em acusações infundadas. O processo acabou prescrevendo por falta de movimentação por parte da vítima. Questionada se a clínica estava regular, Terezinha Azevedo, advogada da dupla, não quis se manifestar.
O caso em questão aconteceu em outra clínica de posse dos dois. Após a suspeita, uma equipe da Vigilância Sanitária constatou irregularidades no estabelecimento e determinou interdição.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, o caso foi investigado e relatado à Justiça.
Paciente torturado em clínica
Um paciente de 56 anos morreu na segunda-feira (8) após ser espancado em uma clínica de reabilitação de Terezinha e Cleber. O espaço reunia dependentes químicos no município de Cotia, na Grande São Paulo.
Paciente chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. A vítima, identificada como Jarmo Celestino de Santana, aparece em fotos obtidas pelo UOL com vários hematomas no corpo. Um vídeo também mostra o homem com as mãos amarradas para trás, preso a uma cadeira.
Polícia teve acesso a um áudio em que funcionário teria dito que havia agredido o Jarmo. Matheus de Camargo Pinto teria dito ainda que bateu tanto na vítima que machucou a própria mão. A reportagem ouviu o áudio atribuído pela polícia a Matheus: "Cobri no cacete, chegou aqui na unidade, pagar de brabo... cobri no pau. Tô com a mão toda inchada".
Em depoimento, o suspeito teria confessado, segundo a polícia, que agrediu o paciente, mas disse que foi para contê-lo. "As agressões foram praticadas pelo Matheus, com possível participação de outras pessoas. O Matheus confessou que agrediu o dependente, mas afirmou que foi para contê-lo porque ele estava exaltado e agressivo", diz o delegado Adair Marques Correa Junior. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do colaborador preso.
Funcionário teve prisão preventiva decretada. Matheus, que havia sido preso em flagrante na terça-feira (9), teve a prisão convertida em preventiva após passar por audiência de custódia na quarta (10).
Proprietários da Comunidade Terapêutica Efatá serão investigados por omissão. De acordo com Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, a polícia quer identificar os homens que aparecem ao fundo do vídeo rindo da situação. A ideia é averiguar possíveis participações de outras pessoas na tortura.
Clínica lamentou morte e disse que funcionário estava em "período de experiência". "Clínica Comunidade Terapêutica Efatá lamenta o falecimento do Sr. Jarmo Celestino de Santana. (...) Infelizmente, ao que tudo indica, o Sr. Jarmo sofreu agressões por parte do colaborador Matheus de Camargo Pinto, recentemente contratado e em período de experiência", diz post publicado no Instagram.
Prefeitura de Cotia informou que a clínica foi interditada após vistoria na terça-feira (9). Nos registros da Anvisa, o estabelecimento terapêutico Efatá tinha permissão sanitária para atuação até dezembro de 2024.
A Vigilância Sanitária constatou, no momento da inspeção, que o estabelecimento apresentava condições inadequadas de manutenção, higiene e salubridade, conforme Resolução RDC 29/06/2011. Em relação aos documentos apresentados pelo estabelecimento esclarecemos que em meados do ano passado, foi solicitado aprovação de projeto arquitetônico (LTA) e solicitação da concessão de Licença Sanitária Inicial para a razão social Terezinha de Cássia de Souza Lopes da Conceição, nome fantasia Comunidade Terapêutica EFATA. Na época, a equipe técnica constatou que o estabelecimento, até então sem residentes, apresentava condições sanitárias de funcionamento. Diante do ocorrido e levando em consideração a legislação sanitária vigente, o estabelecimento foi interditado e a Licença Sanitária cancelada
Prefeitura de Cotia, em nota
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