Conteúdo publicado há 1 mês

Sakamoto: Negros seguem as maiores vítimas da violência fatal no Brasil

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que os negros continuam sendo as principais vítimas de violência fatal no Brasil, analisou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News da manhã desta quinta-feira (18).

O Brasil registrou mais de 46 mil mortes violentas intencionais no ano passado. O número representa uma queda em relação a 2022, mas disputas do crime organizado e letalidade policial continuam sendo os principais entraves para redução dos assassinatos.

Olhando os dados do anuário, dá para a gente afirmar que negros continuam sendo as principais vítimas de violência fatal no Brasil. A população negra continua sendo a principal vítima de violência fatal no Brasil.

Pegando os dados do anuário, a distribuição de mortes violentas e intencionais por raça e registro, você vê que 77,8% das vítimas de homicídio doloso são negras, 61% das vítimas de latrocínio são negras, 74% das vítimas de lesão corporal seguida de morte são negras e 73% das vítimas de morte decorrente de intervenção policial são negras.

De acordo com o Censo 2022, 55% da população é negra - somando pretos e pardos. Ou seja, perceba bem todos os dados que listei: a quantidade da população negra morta é muito maior do que a proporção dos negros na sociedade brasileira.

Isso é gritante, isso, por si, deveria ser motivo para a gente parar e rediscutir a sociedade. Negros seguem sendo as maiores vítimas de violência fatal no Brasil e isso é motivo de a gente parar e rediscutir a sociedade inteira, mas, não, a gente não para e não discute.

Risco de um negro morrer pela polícia é quase 4 vezes maior de que um branco

Entre 2013 e 2023, a letalidade policial teve aumento de 189%. Apesar da tendência de redução, observada também entre 2022 e 2023, foram 6.393 mortes provocadas pela polícia no Brasil. Uma queda que não chega a 1% entre os dois anos.

Apesar da leve retração da letalidade policial, o perfil do assassinado continua o mesmo: homem, negro e jovem. Conforme o Anuário, 82,7% dos mortos pela polícia são negros. Destes, 72% têm de 12 a 29 anos.

Continua após a publicidade

Exemplo disso foi a Operação Escudo realizada em 2023 pela Polícia de São Paulo no litoral paulista. De acordo com um relatório realizado pela Ouvidoria das Polícias de São Paulo, pessoas negras representam 82% dos 28 mortos pela PM na operação.

Quando o policial está atuando na periferia, na comunidade, se ele atuar da forma como tudo deve acontecer, de acordo com os protocolos, ele vai trabalhar e volta. Mas há uma interação hostil com a população dessas regiões.
Renato Sérgio lima, presidente do FBSP

Número de policiais assassinados caiu, mas suicídios aumentaram entre a classe. Segundo o Anuário, 127 policiais foram mortos no ano passado, enquanto foram registrados 118 casos de suicídio (saiba como procurar ajuda). O perfil do policial que morre de forma violenta é o mesmo dos civis: homem e negro.

Maioria dos policiais assassinados morre fora do horário de trabalho. "A gente percebe que as instituições estão cuidando pouco do profissional. Os programas de atenção à saúde, hierarquia, disciplina. Por trás dessa guerra, a gente tem pessoas que precisam trabalhar fora de serviço, com bicos, tudo isso", aponta Lima.

Josias: Bolsonaro faz campanha para Ramagem para mantê-lo sob controle

Continua após a publicidade

Jair Bolsonaro mantém seu apoio a Alexandre Ramagem (PL), pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, mas se preocupa mais em controlá-lo para evitar o surgimento de um novo delator como Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News desta quinta (18).

Ontem, Ramagem prestou depoimento à Polícia Federal no âmbito das investigações sobre a "Abin paralela", um suposto esquema de espionagem ilegal durante o governo Bolsonaro. Ele foi o chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante este período.

Hoje, o desempenho eleitoral do Ramagem como candidato a prefeito do Rio de Janeiro tornou-se secundário para Bolsonaro. Já está entendido entre os Bolsonaro que Ramagem tem pouca chance de êxito. O essencial, nesse momento, é mantê-lo sob controle. A eleição virou parte dessa coreografia.

Bolsonaro faz campanha para seu hipotético pupilo no Rio, mas isso se deve não mais à conquista da prefeitura, mas para mantê-lo sob controle. Até aqui, o ex-presidente vem sendo bem-sucedido nessa tarefa. Josias de Souza, colunista do UOL

Josias ressaltou que Ramagem foi à PF disposto a blindar Bolsonaro, mas ele mesmo está em situação constrangedora por sua participação na "Abin paralela".

Mais constrangedor do que o interrogatório e o lote de perguntas que a Polícia Federal dirigiu a Ramagem foram as respostas que o interrogado foi incapaz de fornecer. Ele está na constrangedora posição de um delegado investigado pelos seus pares. À luz de tudo que foi descoberto, Ramagem ficou em uma posição criminosamente constrangedora.

Continua após a publicidade

Ele subverteu as atribuições da agência de inteligência do governo. Em vez de produzir relatórios para orientar decisões estratégicas, dedicou-se a produzir material para alimentar as maquinações de um presidente desorientado. Ele foi ao interrogatório decidido a blindar Bolsonaro. Josias de Souza, colunista do UOL

Para Josias, o próprio PL admite que as chances de Ramagem se eleger são ínfimas, mas Bolsonaro mantém sua posição de cabo eleitoral como forma de se proteger de um possível novo delator.

Nesse momento, a coreografia do Bolsonaro se dedica a manter Ramagem sob controle, de modo a não produzir um novo delator, um novo Mauro Cid. O interesse eleitoral é pequeno, porque o próprio PL reconhece que as chances de Ramagem se tornar o próximo prefeito do Rio de Janeiro são inexistentes. Josias de Souza, colunista do UOL

Josias: Semana mostrou musculatura de Trump e fragilidade de Biden

Também no UOL News de hoje, Josias disse que a útima semana mostrou a força do candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o atual presidente, Joe Biden, que teve sua fragilidade ainda mais exposta.

Continua após a publicidade

Biden disse que poderia repensar sua candidatura à reeleição se surgisse um problema médico, segundo trecho de uma entrevista que ele concedeu ontem ao veículo BET, divulgada nesta quarta-feira, em meio a questionamentos sobre seu estado de saúde e sua capacidade mental.

"Se surgisse algum problema médico, se os médicos me dissessem 'você tem tal problema'", respondeu Biden, ao ser questionado sobre o que poderia fazê-lo repensar sua candidatura para as eleições de novembro.

A situação dele [Biden] é muito precária. Já era precária, e ficou ainda mais. Essa semana seria, naturalmente, a semana do Donald Trump, porque é semana de convenção e as atenções estariam voltadas para a convenção republicana. Mas toda conjuntura conspirou para que os holofotes continuassem sobre Biden e ficou realçada uma situação muito constrangedora para ele: Trump exibindo toda sua musculatura e Biden tendo sua fragilidade realçada pelas circunstâncias.
Josias de Souza, colunista do UOL

A musculatura de Trump foi renovada com uma blindagem que recebeu da Suprema Corte e pelo atentado falho contra a vida dele [...] Ele está sendo canonizado e beatificado pelo partido.

Na outra ponta, você tem Biden, que já estava com sua capacidade cognitiva sob questionamento e contrai uma covid-19 às vésperas desse discurso de Trump. Diz a Casa Branca que ele continua governando normalmente, mas está isolado por conta da covid. Ele cancelou um evento de campanha em Las Vegas, que poderia funcionar como contraponto a essa convenção republicana.

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Continua após a publicidade

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

Deixe seu comentário

Só para assinantes