Porsche perseguiu outro carro dias antes do acidente que matou homem em SP
O veículo dirigido por Igor Sauceda, que atropelou e matou um motociclista em Interlagos, na zona sul de São Paulo, foi gravado "perseguindo" o carro de ex-sócios do empresário dias antes da colisão.
O que aconteceu
O vídeo da perseguição foi feito na madrugada do dia 20 de julho. O fato ocorreu pouco mais de um mês após os ex-sócios de Igor e do pai dele registrarem um boletim de ocorrência por ameaças.
Igor estava na direção do Porsche que perseguiu família, afirma advogado dos sócios. Ao UOL, Daniel Biral informou que os clientes dele foram perseguidos do bairro Itaim Bibi até Interlagos por Igor, que por vezes avançava contra eles e, em outros momentos, os ultrapassava e freava bruscamente como uma espécie de "constrangimento".
Advogado foi informado sobre as ameaças sofridas pela família no dia 26. Daniel contou que a família mostrou os vídeos a ele no dia de uma reunião sobre um processo que corre na Justiça contra Igor. Na segunda-feira (29), após o acidente que matou o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, a família compareceu à delegacia para fazer uma representação ao B.O., iniciando um procedimento criminal e narrando as novas ameaças.
Ao UOL, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que o nome de Igor não consta no boletim de ocorrência, e que apenas o Fernando é citado. A defesa dos ex-sócios informou que a SSP ainda não teve acesso à manifestação da juntada dos vídeos ao inquérito, mas que a as imagens "entrarão no inquérito penal como prova das condutas que envolvem a desinteligência societária das familias".
A ameaça estava saindo do campo das ideias, do xingamento, de falar que vai matar, para a realização dos fatos que, em uma escalada de violência, poderiam levar a um crime contra os meus clientes. O que aconteceu foi que o crime, em vez de ser com os meus clientes, foi contra um menino que não tinha nada a ver e foi assassinado.
Daniel Luiz Passos Biral, advogado da família
Relação com sócios começou em 2015
O pai de Igor, Fernando Salceda, foi contratado para ser manobrista em 2015. Foi nesse momento que a relação deles começou com os sócios, donos do estacionamento, segundo Passos Biral.
Em 2018, Fernando começou usar parte do espaço para vender espetinhos e cerveja. "Meus clientes permitiram na boa fé, cederam o espaço e dividiriam as cotas do empreendimento que eles fariam. Cada um ficaria com 50%", declarou o defensor.
Os problemas teriam começado em 2018, segundo o advogado. "Houve uma briga entre eles porque meus clientes não queriam ficar abertos na pandemia, o Fernando Salceda brigava com os fiscais. No fim das contas, eles brigaram, o Igor e o pai dele bateram no filho do meu cliente, e depois disso não queriam mais ter contato com eles", acrescentou.
Sócios entraram com ação para receber a parte deles na venda dos espetinhos em março desse ano. "Eles falaram para mim que Fernando e Igor estão ameaçando eles, xingando eles na rua, que eles têm um negócio na mesma rua. E eu falo: isso é porque todo mundo fica bravo quando alguém entra com uma ação, é natural, não vai acontecer nada", destacou.
Entretanto, segundo o advogado, as ameaças começaram a ser mais frequentes e em um tom mais agressivo. "Peço para abrir uma ocorrência para registrar a ameaça. Isso acontece em 13 de junho. Quando é na ultima semana, eu recebo eles no meu escritório para falar sobre a próxima fase do processo cível, e o meu cliente me conta que eles no sábado anterior, no dia 20, foram perseguidos pelo Igor, que tentava de alguma maneira constranger eles com uma direção perigosa, jogando o carro em cima do carro deles", concluiu.
Posicionamento da defesa. Ao UOL, a defesa de Igor afirmou que não vai se manifestar neste momento.
Porsche lamenta morte e nega vínculo com motorista
"É com profundo pesar que a Porsche lamenta o acidente que vitimou Pedro Kaique Figueiredo. Apresentamos nossas mais sinceras condolências à sua família e amigos.
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Quero receberA Porsche Brasil reafirma seu comprometimento com a segurança nas estradas e o respeito às normas estabelecidas no Código Nacional de Trânsito. A empresa não possui qualquer vínculo com o motorista envolvido no acidente.
Investimos extensivamente em programas de treinamento de condução como forma de ampliar a segurança no uso dos automóveis. Além disso, oferecemos um portfólio de oportunidades para utilização dos veículos em ambientes seguros e controlados.
Que a lembrança deste e de outros trágicos acontecimentos inspire a reflexão e a promoção de uma conduta mais segura e responsável".
Porche, em nota enviada ao UOL
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