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Moraes manda PF ouvir delegado que investigou assassinato de Marielle

O ministro do STF Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal colha o depoimento do delegado Giniton Lages, um dos responsáveis pelas investigações iniciais do assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018.

O que aconteceu

Moraes acolheu pedido da defesa de Giniton para que o delegado seja ouvido. O ministro deu o prazo máximo de 10 dias a partir da decisão, proferida na terça-feira (30), para que os agentes ouçam o que Lages tem a dizer sobre as suspeitas de que ele teria agido pela impunidade dos mandantes do assassinato de Marielle e seu motorista, Anderson Gomes.

Giniton foi alvo de operação da PF em março, quando foram presos envolvidos no assassinato da vereadora, entre os quais os irmãos Brazão. Entretanto, desde que a operação foi realizada, o delegado não foi ouvido pela investigação, o que motivou o pedido de sua defesa para que ele preste depoimento.

Defesa de Giniton alegou que "não é razoável" que, dada a "envergadura e complexidade" do caso, ele ainda não tenha sido ouvido. "Não se afigura razoável que não se concede ao requerente ao menos a oportunidade de, na condição de indiciado, prestar esclarecimentos a respeito do que lhe é imputado", diz a defesa do delegado.

Giniton alega que trará "elementos novos e substanciais" ao inquérito. "O requerente está convencido de que o seu depoimento trará elementos novos e substanciais, os quais certamente serão decisivos na elaboração do novo relatório final [da investigação] e, sobretudo, na formação do convencimento da Procuradoria-Geral da República".

Giniton Lages não está encarcerado, mas sofreu medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica. Lages foi o responsável por iniciar as investigações do assassinato de Marielle e Anderson em março de 2018. Ele foi indicado pelo então chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, que está preso sob suspeita de ter atuado para proteger os responsáveis pelo crime.

Irmãos Brazão presos. A PF também prendeu o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão; e seu irmão, o deputado Chiquinho Brazão. Os dois são apontados como os mandantes do crime.

Todos os alvos da operação da PF alegam inocência. O UOL não conseguiu contato com a defesa de Giniton Lages. O espaço segue aberto para manifestação.

A prisão dos Brazão

Chiquinho Brazão está em presídio de segurança máxima de Campo Grande (MS) desde março. Ele e seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Rio — também preso —, são acusados de mandar matar Marielle e seu motorista Anderson Gomes. Os dois negam as acusações.

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Ele foi preso após a deflagração de uma operação para prender os suspeitos. Na ocasião, o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa também foi preso. Ele nega a acusação de que tenha blindado os irmãos Brazão durante as investigações.

O homicídio foi motivado por interesse em grilagem de terras por milícias, segundo a PF. Conforme o relatório da Polícia Federal, Marielle estaria "atrapalhando os interesses dos irmãos" ao tentar impedir loteamentos em Jacarepaguá, reduto eleitoral dos Brazão, afirmou em delação o ex-policial militar Ronnie Lessa.

Brazão defendeu sua inocência ao Conselho de Ética da Câmara. "Eu sou inocente, continuo alegando que vamos provar a inocência. Se olhar meu mapa eleitoral, vai ver que tenho voto tanto em área de milícia, quanto em área de tráfico", disse.

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