Condenado a 33 anos, Gil Rugai é solto e deixa 'presídio dos famosos' em SP
O ex-seminarista Gil Rugai, condenado a 33 anos e nove meses de prisão pelo assassinato do pai e da madrasta, em 28 de março de 2004, foi solto e deixou nesta quarta-feira (14) o "presídio dos famosos" em Tremembé, localizado no interior de São Paulo e conhecido por abrigar presos por crimes considerados midiáticos.
O que aconteceu
Gil Rugai deixou a prisão, com uso de tornozeleira eletrônica, às 16h17 desta quarta-feira (14). A informação foi confirmada ao UOL pela SAP (Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo).
Soltura ocorreu após decisão judicial favorável ao ex-seminarista. O pedido de progressão ao regime aberto foi feito pela defesa de Rugai e o Ministério Público se manifestou contrário à soltura. O então preso passou por exame criminológico e teste de Rorschach, ferramenta utilizada por profissionais da psicologia para interpretar informações sobre a personalidade de uma pessoa. Após as avaliações, que tiveram o resultado positivo para o condenado, o MP reafirmou ser contra a soltura.
Em decisão obtida pelo UOL, juíza diz entender que Rugai comprovou requisitos legais para a soltura: "Comportamento ótimo". A magistrada Sueli Zeraik de Oliveira Armani apontou que a postura do preso era considerada "ótima" pelo Serviço de Segurança e Disciplina do estabelecimento prisional. Armani discorreu que o preso estava detido desde 6 de abril de 2004 e não registrou nenhuma infração disciplinar ao longo de todo o período de cumprimento da pena, ainda realizando atividades laborterápicas na prisão em 2009 e de 2016 e 2022.
Justiça também destacou que Rugai está em regime semiaberto desde 2021. Armani continuou afirmando na decisão, proferida na terça-feira (13), que o preso usufruia de saídas temporárias, sem envolvimento em intercorrências negativas, acrescentando que ele faz faculdade de Arquitetura e Urbanismo em Taubaté, também no interior paulista, desde 2023, e tem bom aproveitamento nas aulas.
Rugai deverá cumprir medidas impostas pelo Judiciário. Entre elas, comparecer trimestralmente a uma vara de execuções criminais para informar suas atividades; e obter alguma ocupação lícita em até 90 dias e comprová-la junto à vara. Além de permanecer em sua casa nos finais de semana, feriados e repouso noturno entre às 20h e 06h, com exceção de autorização judicial; não mudar de comarca sem prévia autorização; não mudar de residência sem comunicar à justiça; e utilizar tornozeleira eletrônica.
Procurada pelo UOL, a defesa de Gil Rugai afirmou que não se manifestará.
Detalhes de exame criminológico de Rugai
Por unanimidade, avaliadores participantes do exame criminológico consideraram Rugai apto ao regime aberto. Parecer social apontou que o então preso demonstra "desejo e disposição para sua volta ao convívio social mais amplo, consciente de limites e possibilidades, contando com a rede vincular nesse processo".
Rugai falou aos avaliadores sobre planos, como continuar a faculdade, e trabalhar na empresa do irmão. O exame psiquiátrico feito no condenado não teve contraindicação para a mudança de regime e indicou ele é portador de transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo (anancástico), quando o indivíduo tem características perfeccionistas, controladoras, são pouco flexíveis e com predileção pela ordem.
Psicóloga analisou que o condenado possui noção da realidade e tem capacidade de discernimento. "[Rugai tem] bons recursos intelectuais e de imaginação, que, no entanto, não encontram vias adequadas de expressão, sugerindo a presença de conflitos de ordem afetivo-emocional, acompanhados de impulsividade latente que se manifesta, especialmente, em momentos de maior ansiedade e estresse, provocando oscilações de humor."
Relembre o crime
Gil Rugai foi acusado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de São Paulo de matar o pai, Luiz Rugai, e a madrasta, Alessandra Troitini, após o genitor descobrir que o filho desviava dinheiro da empresa. Naquela ocasião, ele tinha 20 anos.
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Quero receberO crime aconteceu em 28 de março de 2004. Na época, Luiz tinha 40 anos e foi morto com seis tiros. Alessandra, então com 33 anos, foi alvejada com cinco disparos. O ex-seminarista sempre negou as acusações.
Em 2013, Gil foi condenado por um júri a 33 anos e nove meses de prisão. Em 2021, ele progrediu para o semiaberto, mas passou por reviravoltas judiciais em relação ao benefício nos anos seguintes.
Gil Rugai começou a fazer faculdade de arquitetura em maio de 2023, após autorização do STJ. O ex-seminarista deixava o presídio entre os horários das 17h às 23h30 para ir estudar.
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