Polícia prende segundo suspeito de matar empresário a pauladas em SP
O segundo suspeito de envolvimento na morte de Carlos Alberto Felice, 77, assassinado a pauladas dentro da própria casa, no bairro Jardim Europa, zona oeste de São Paulo, no dia 12 de julho, foi preso na sexta-feira (16).
O que aconteceu
Jordan Magalhães Nogueira, 20, confessou o crime em depoimento preliminar. Ele será ouvido novamente. A informação foi confirmada ao UOL pelo delegado Rogério Barbosa Thomaz, à frente da investigação.
O suspeito foi preso enquanto roubava um carro no bairro de Vila Clementino. A prisão de Jordan foi anunciada nesta segunda-feira (19) pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais). Ele era procurado por policiais da 1ª Delegacia Disccpat (Investigações sobre Roubo e Latrocínio).
Policiais do Deic aguardam autorização judicial para transferência de Jordan Magalhães Nogueira. Ele será interrogado na sede do departamento policial.
O outro suspeito de envolvimento no crime também está preso. Rafael Procópio da Conceição, 26, foi detido nove dias após o crime. A dupla trabalhava em uma obra ao lado da casa da vítima.
Segundo a polícia, eles resolveram invadir o imóvel depois de boatos sobre a existência de uma grande quantidade de dinheiro guardada no local. Nogueira e Conceição respondem por roubo seguido de morte.
O que se sabe sobre o caso
Carlos Alberto Felice foi encontrado morto com sinais de tortura no dia 16 de julho. A família dele desconfiou que algo poderia ter acontecido, já que o empresário não respondia mensagens e não era visto desde o dia 12 de julho. A Polícia Militar foi acionada e os agentes encontraram o corpo dele na garagem do imóvel.
Corpo estava coberto com tapete. Pés e mãos estavam amarrados com um fio elétrico. Um pedaço de madeira também foi encontrado ao lado da vítima. A polícia acredita que ele foi morto a pauladas com o objeto, que tinha manchas de sangue.
O empresário morava sozinho. Carlos Alberto Felice era viúvo e não tinha filhos. A esposa dele morreu há três anos. As pessoas mais próximas eram um sobrinho e a irmã. Foi o sobrinho, inclusive, que ligou para a Polícia Militar após não conseguir contato com o tio.
Carlos também não tinha funcionários na casa. Ele gostava de frequentar a igreja e levava uma vida modesta. O imóvel onde ocorreu o crime não tinha sistema de vigilância com câmeras de segurança. Caminhadas em uma praça ao lado de sua casa eram parte da rotina de Carlos. Vizinhos e comerciantes da região dizem que ele sempre foi muito cordial, educado e gentil.
A vítima passava por dificuldades financeiras nos últimos anos. Imóvel onde ele foi morto tinha dívida de mais de R$ 1 milhão em IPTU. Carlos Alberto estava endividado e sua condição financeira piorou após a morte do pai e da esposa.
O caso é investigado como latrocínio, roubo seguido de morte. A apuração, conduzida por policiais da 1ª Delegacia Patrimônio, contaram com apoio da UIP (Unidade de Inteligência Policial) do Deic.
Venda da casa por R$ 4,5 milhões
Empresário vendeu a casa onde foi morto por R$ 4,5 milhões em 2023. Ele continuou morando no imóvel, já que a transação não havia sido concluída. A investigação da polícia apontou que ele recebeu apenas um sinal da venda, cerca de R$ 350 mil, quantia que usou para quitar dívidas.
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Quero receberBoato de que ele teria R$ 3,5 milhões em espécie dentro da casa circulou no bairro. Os investigadores ainda não sabem como a notícia começou a circular. A principal linha de investigação é de que os suspeitos entraram na casa do idoso para roubar a quantia, que não existia.
Polícia descartou hipótese de que idoso teria uma grande quantia de dinheiro em casa. Ao UOL, o delegado Fábio Pinheiro, diretor do Deic, explicou que Carlos guardava em casa algo em torno de R$ 30 mil e R$ 50 mil.
Carlos e a irmã herdaram cinco imóveis. O UOL apurou que eles tinham dois apartamentos no bairro Vila Madalena, que valiam cada cerca de R$ 146 mil em 2016, um na Bela Vista, de R$ 579 mil, e uma sala comercial no Jardim América, de cerca de R$ 400 mil. Carlos também herdou da mãe a casa onde aconteceu o crime, no bairro Jardim Europa.
Como a polícia chegou aos suspeitos
Rafael foi preso na quarta-feira (24). Ele tem antecedentes criminais por roubo e tráfico de drogas.
Jordan não tem passagem pela polícia. Ele não foi visto no trabalho desde o dia do crime. A perícia encontrou vestígios de impressões digitais de Jordan no carro de Carlos, roubado no dia do crime.
Câmeras de segurança da vizinhança foram essenciais na investigação. As imagens mostram um homem, que a polícia acredita ser Jordan, andando entre telhados de casas vizinhas a do empresário em 11 de julho, um dia antes do crime. A investigação aponta que ele dormiu em cima do telhado e pulou na casa da vítima na manhã do dia 12 de julho.
A polícia diz que o criminoso permaneceu com Carlos das 8h às 17h48 do dia 12 de julho. Câmeras de segurança também registraram o momento em que um homem deixa a casa dirigindo o carro de Carlos Alberto.
Objetos da vítima foram encontrados na casa de Jordan
Os policiais apreenderam vários objetos da vítima casa de Jordan. Entre eles, estão bebidas, dinheiro em espécie, a chave do carro da vítima e documento do carro do empresário queimado.
O suspeito também teria comprado móveis novos com o dinheiro roubado. A polícia encontrou uma nota fiscal que comprova a data em que móveis foram adquiridos. Investigadores também constataram, em perícia na casa do suspeito, que o mobiliário era novo.
Carro da vítima foi localizado pela Polícia Militar. Suspeitos trocaram a placa do veículo, o que, segundo a polícia, dificultou a localização. O automóvel foi encontrado no Capão Redondo, na zona sul da capital, na terça-feira (23). O carro estava sem chave e com vidros parcialmente abertos.
Veículo foi periciado. Foi solicitada perícia dactiloscópica para auxiliar nas investigações. Peritos tentam localizar vestígios dos suspeitos e impressões digitais que possam ajudar a esclarecer o crime.
Placa verdadeira do carro foi localizada na quinta-feira (25). Policiais encontraram, próximo à casa de Jordan, a placa verdadeira do veículo do empresário, amassada, e a roupa que Jordan teria usado no dia do crime.
Rafael nega participação no crime
Ajudante de obra disse que estava na casa dele no momento do crime. Rafael Procópio da Conceição afirmou que mora no bairro do Jardim Ângela, no extremo sul, a cerca de 20 quilômetros de distância da residência da vítima, no Jardim Europa, na zona oeste.
Suspeito declarou que o celular estava com ele quando o empresário foi morto. "Não tenho [envolvimento no crime]. Estou falando com minha total certeza. Eu sou trabalhador, um homem de bem", disse Rafael ao Brasil Urgente (TV Bandeirantes).
Advogado de defesa reforça que cliente não é autor, nem participou do crime. O defensor, que não teve o nome divulgado pela emissora, apontou que há "indícios" de que o celular do cliente estava na região do local do crime no dia do fato, mas não no horário em que Carlos teria sido morto. Ele também reforçou que Rafael arrumou um emprego para Jordan.
Rafael também explicou por que não foi trabalhar na sexta-feira (12), dia em que o empresário foi morto. O ajudante de obras se limitou a dizer que estava com "problemas de saúde" e não pôde comparecer ao trabalho na data.
O UOL não localizou a defesa de Jordan para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.
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