Casa atingida por avião da Voepass deve ser reconstruída, diz Defesa Civil
Parte da casa atingida pelo avião da Voepass que caiu em Vinhedo (SP) vai precisar ser reconstruída. A informação consta no relatório divulgado nesta quarta-feira (16) pela Defesa Civil do município. O acidente deixou 62 mortos. A aeronave caiu no condomínio Recanto Florido, no bairro Capela, no dia 9 de agosto deste ano.
O que aconteceu
Garagem, parte da varanda e escritório foram as principais áreas atingidas. "A parede junto à garagem encontra-se firme, embora com danos aparente pelo impacto indireto sofrido e pela longa exposição ao fogo. Portanto não é possível garantir a integridade da mesma ao logo do tempo como elemento estrutural seguro", diz trecho do relatório.
Parede foi danificada pela longa exposição ao fogo. Estrutura do telhado teve danos consideráveis. "Se não for realizado seu reparo poderá expor a estrutura aos intempéries e consequente infiltrações, que por sua vez é fator de manifestação de patologias de construções". A Defesa Civil entende que a casa foi parcialmente destruída e requer projeto reconstrutivo acompanhado de detalhado parecer técnico sobre as condições atuais do imóvel.
A Defesa Civil recomenda a realização de laudo técnico da situação atual do imóvel. "Demais compartimentos da residência, área de churrasqueira e piscina, foi identificado manifestação patológica em grau baixo em relação ao risco de abalo estrutural, presente em pontos comuns e de manutenção e reparo leve", segundo o relatório.
O órgão sugere que os proprietários não retornem ao local. Em entrevista ao UOL, Maurício Roberto Barone, diretor da Defesa Civil de Vinhedo, explicou que recomendação leva em conta o trauma psicológico dos moradores da residência. "A estrutura pode ser restaurada com um projeto, mas nossa sugestão leva em conta o aspecto psicológico, o trauma. Conversando com a família que vivia no local, percebemos que eles não tem condições emocionais de viver lá de novo", detalhou.
O relatório lista uma série de danos psicológicos após uma acidente aéreo. "Ser sobrevivente de uma catástrofe como um acidente aéreo, o caso da família da Rua Gloxínia, traz alívio e alegria, mas, ao mesmo tempo, culpa e vergonha por ter sobrevivido. Vergonha perante os familiares daquele que morreram. O sentimento de culpa e vergonha por estar vivo pode favorecer o surgimento de vários sintomas, como: perturbação do sono, ansiedade, nervosismo, pensamentos negativos, transtornos gastrointestinais, isolamento social, alterações bruscas de humos, cefaleia, depressão e suicídio", diz o laudo.
Um outro imóvel do mesmo condomínio também foi afetado. A residência vai precisar de reparos leves, de acordo com o laudo. O documento diz que o imóvel não foi atingido diretamente pela queda da aeronave, mas recebeu estilhaços e labaredas. "A Defesa Civil entende que os fatores observados não diferem do comum encontrado em diversas residências e podem ser tratados com reparos leves, recomendando parecer técnico da situação atual do imóvel".
O UOL entrou em contato com a Voepass para um posicionamento e aguarda o retorno.
O laudo conclusivo com as causas do acidente deve levar cerca de um ano para ser divulgado. A afirmação foi feita pelo diretor do INC (Instituto Nacional de Criminalística) da Polícia Federal, Carlos Eduardo Palhares Machado. "Normalmente, o tempo para esse tipo de laudo é de um ano. Pode ser um pouco maior ou um pouco menos, a depender da complexidade", afirmou durante audiência na Câmara dos Deputados.
Condições de trabalho dos pilotos serão analisadas. "Na perícia a gente chama de análise das condições do pilotos, se descansaram, se não descansaram, se a rotina estava em desacordo com as regulamentações, se eles foram submetidos a uma carga maior ou estresse de trabalho, isso tudo vai ser analisado", destacou Palhares.
Como ocorreu a queda?
Avião saiu de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP) com 58 passageiros e quatro tripulantes. No dia 9 de agosto, a aeronave decolou às 11h50 e pousaria às 13h45, segundo o FlightAware.
Aeronave despencou 13 mil pés (4.000 metros) em dois minutos. O registro de voo do Flight Radar mostra que o avião estava a 17 mil pés de altitude às 13h20 e a 4.000 pés às 13h22, quando o sinal de GPS foi perdido pela plataforma. O avião caiu pouco mais de 20 minutos antes de pousar e atingiu casas de condomínio residencial.
O piloto do avião, Danilo Santos Romano, comentou sobre uma falha no sistema antigelo da aeronave. A informação foi divulgada em relatório preliminar apresentado pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da FAB (Força Aérea Brasileira), no dia 6 de setembro. Porém, essa suposta falha ainda será apurada durante a investigação.
Todas as 62 pessoas que estavam a bordo do ATR 72-500 da Voepess morreram. A maioria das vítimas era de Cascavel (PR), de onde saiu a aeronave.
Reconhecimentos dos corpos foram feitos por análise das arcadas dentárias, DNA e coleta de impressões digitais.
Voepass demitiu diretores e faz mudanças no comando após acidente aéreo. A Voepass Linhas Aéreas anunciou no dia 25 de setembro a demissão dos diretores das áreas de manutenção, segurança operacional e operações, além de mudanças no comando da empresa.
O presidente e cofundador da empresa, José Luiz Felício Filho, assumiu novos cargos. Agora, além de atuar na chefia de operações, ele comandará a liderança executiva e a gestão direta das operações. "Felício é piloto há mais de 30 anos e está na presidência da companhia desde 2004, construindo uma base com diretrizes sólidas e sempre pautada pelas melhores práticas internacionais para garantir a segurança operacional de todos", disse a empresa em nota enviada ao UOL.
Quem eram as vítimas?
A lista com os nomes (veja abaixo) foi divulgada pela Voepass. O Corpo de Bombeiros retirou os 62 corpos da aeronave. Todos foram levados para o IML (Instituto Médico Legal) Central, em São Paulo.
O IML de São Paulo concluiu a identificação de todos os 62 corpos das vítimas da queda do avião. Todas as pessoas morreram devido ao impacto do avião com o solo. Com isso, mortes foram instantâneas por politraumatismo e, só depois, o avião explodiu. Apesar disso, corpos não foram completamente carbonizados.
Lista de passageiros
- Adriana Santos
- Adriano Daluca Bueno
- Adrielle Costa
- Alipio Santos Neto
- Ana Caroline Redivo
- Andre Michel
- Antonio Deoclides Zini Junior
- Arianne Risso
- Constantino Thé Maia
- Daniela Schulz Fodra
- Denilda Acordi
- Deonir Secco
- Diogo Avila
- Edilson Hobold
- Eliane Andrade Freire
- Gracinda Marina Castelo da Silva
- Hadassa Maria da Silva
- Hiales Carpine Fodra
- Isabella Santana Pozzuoli
- Jose Carlos Copetti
- José Cloves Arruda
- José Roberto Leonel Ferreira
- Josgleidys Gonzalez
- Joslan Perez
- Kharine Gavlik Pessoa Zini
- Laiana Vasatta
- Leonardo Henrique da Silva
- Liz Ibba Do Santos
- Lucas Felipe Costa Camargo
- Luciani Cavalcanti
- Luciano Trindade Alves
- Maria Auxiliadora Vaz De Arruda
- Maria Parra
- Maria Valdete Bartnik
- Mariana Belim
- Mauro Bedin
- Mauro Sguarizi
- Miguel Arcanjo Rodrigues Junior
- Nelvio José Hubner
- Paulo Alves
- Pedro Gusson do Nascimento
- Rafael Alves
- Rafael Fernando dos Santos
- Raphael Bohne
- Raquel Ribeiro Moreira
- Regiclaudio Freitas
- Renato Bartnik
- Renato Lima
- Ronaldo Cavaliere
- Rosana Santos Xavier
- Rosangela Maria De Oliveira
- Rosangela Souza
- Sarah Sella Langer
- Silvia Cristina Osaki
- Simone Mirian Rizental
- Thiago Almeida Paula
- Tiago Azevedo
- Wlisses Oliveira
Lista de tripulantes
- Danilo Santos Romano, 35 anos.
- Debora Soper Avila, 28 anos
- Humberto de Campos Alencar e Silva, 61 anos
- Rubia Silva de Lima, 41 anos