Sakamoto: torcida organizada do Palmeiras agiu como facção criminosa
Após uma pessoa morrer e 17 ficarem feridas em uma emboscada de torcedores do Palmeiras contra cruzeirenses em Mairiporã, região metropolitana de São Paulo, o colunista Leonardo Sakamoto defendeu, durante o UOL News, que as organizadas envolvidas em atos de violência sejam enquadradas enquanto facções criminosas, e que os times também sejam penalizados por esses anos.
O ataque ocorreu na madrugada deste domingo (27). Os cruzeirenses foram surpreendidos pelos palmeirenses que carregavam artefatos como barras de metal e madeira e atearam fogo no ônibus em que estavam, afirmaram as autoridades.
Isso aqui é guerra de gangue. Isso aqui é guerra de facção criminosa, não é torcida organizada. Ah, mas você tá dizendo que todo mundo que faz parte da torcida organizada é da facção criminosa? Não! Eu só tô falando que a repetida, constante, insistente cena de violência que a gente vê envolvendo torcidas organizadas já é o suficiente para que ou a cúpula dessas torcidas organizadas ajam para frear esse tipo de coisa, ou a cúpula dessas torcidas organizadas incentiva esse tipo de coisa.
Que tal a gente começar a fazer perda de pontos em times de futebol se naquele final de semana teve envolvimento das suas torcedoras organizadas em atos de violência? Ah, a lei não impede hoje. Que se aprove lei, que se faça alguma coisa. [...] A única coisa que importa para esse pessoal, além da sua própria violência, é o resultado do futebol, né? Então a gente precisa avançar com isso. É um nível de barbárie inaceitável.
Leonardo Sakamoto
Tales: Violência de organizadas só acaba com punição a clubes e diretorias
O colunista Tales Faria concordou com Sakamoto em relação à punição aos times, incluindo às diretorias, quando episódios como esse ocorrerem com suas torcidas organizadas. Ele destacou as "benesses" que as organizadas recebem dos clubes.
Mas tem que punir a torcida organizada, ela ser proibida de entrar nos estádios e tem que punir a diretoria. Só quando a diretoria e os clubes forem punidos é que essa história vai começar a mudar, porque elas estão envolvidas. O fato é isso. Às vezes não é nem por querer, às vezes elas se sentem reféns dessas torcidas organizadas. Mas quando você começar a punir, aí acaba.
Essas organizadas ganham entradas nos estádios, ganham uma série de benesses das diretorias, e realmente até ameaçam alguns diretores. Eles têm medo, mas isso tem que acabar, e só acaba se você começar a unir realmente as diretorias dos clubes, os clubes e as organizadas com perda de pontos. E aí a história começa a acabar.
Tales Faria
Maierovitch: Bárbaros esquecem origem comum de Palmeiras e Cruzeiro
Já o jurista Wálter Maierovitch, também colunista do UOL, relembrou a origem comum dos clubes no século passado e avaliou que a investigação da polícia deve —e pode— avançar rapidamente na identificação dos criminosos.
A notar é que o Palmeiras é o antigo Palestra Itália e o Cruzeiro é o antigo Palestra Itália. Os dois clubes têm a mesma origem, um que virou Cruzeiro e outro que virou Palmeiras, por causa da situação na Segunda Guerra Mundial, em que, por ato do presidente de então Getúlio Vargas, se proibiu o uso do termo 'Palestra Itália'. Então os dois mudaram de nome. A origem é a mesma. Esses bárbaros não respeitam nem a origem comum.
Cadê a inteligência policial? Cadê a cyberpolícia? Uma vez que essas movimentações, esses encontros, essas emboscadas começam na internet. Cadê? Isso não é feito. Essa investigação é fácil, porque quem alugou o ônibus, quem pagou as passagens, isso é tudo identificado. A polícia não pode tardar nesse tipo de apuração.
Wálter Maierovitch
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