Namorada de Gritzbach foi candidata em 2016 e declarou patrimônio zerado
Modelo e nutricionista, a namorada de Vinícius Gritzbach, 38, morto a tiros em um ataque no aeroporto de Guarulhos na sexta-feira (8), foi candidata a vereadora em 2016 pelo município de Barbosa Ferraz, localizado no noroeste do Paraná.
O que aconteceu
Maria Helena Paiva Antunes, 29, declarou patrimônio zerado em 2016. Ela foi candidata pelo PMB (Partido da Mulher Brasileira).
Ela recebeu R$ 6.035 na campanha. As doações foram feitas por três doadores, sendo duas pessoas físicas e a terceira da campanha do então candidato à reeleição da prefeitura de Barbosa Ferraz, Gilson Andrei Cassol (PMDB). As informações constam no site do Tribunal Superior Eleitoral.
Maria Paiva teve 16 votos e não conseguiu se eleger. A população do município de Barbosa Ferraz é de 10.795 pessoas, segundo dados do Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
A modelo é bastante ativa nas redes sociais e tem mais de 400 mil seguidores. No mais seguido dos seus perfis ela costuma compartilhar vídeos com dicas de maquiagem, roupas e um pouco de sua rotina.
O UOL entrou em contato com Maria Helena, mas não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
Modelo saiu às pressas do aeroporto após ataque a tiros
A modelo estava no aeroporto quando Gritzbach foi assassinado. Ela e o delator do PCC (Primeiro Comando da Capital) voltavam para de Maceió para a capital paulista após uma viagem de sete dias. Eles foram para cidade de São Miguel dos Milagres, onde o empresário procurou imóveis para alugar com o intuito de passar as festas de fim de ano com a família.
Ele e a namorada carregavam uma mala com joias avaliadas em R$ 1 milhão, segundo a polícia. Eram pedras preciosas, colares, correntes, anéis, brincos, pulseiras e até um relógio Rolex. Elas estavam em um porta-joias pequeno, de tecido azul-claro com dois certificados Vivara, dois certificados Cartier, um certificado Bulgari, um certificado Cristovam Joalheria e um certificado IBGM Gemologia. A Polícia Civil apreendeu o material
Gritzbach desembarcava no aeroporto acompanhado de Maria Paiva e de um segurança quando foi alvejado por dez tiros. Ele morreu no local e a namorada não se feriu. O soldado Samuel Tillvitz da Luz, 29, um dos militares da escolta do empresário correu assustado por 50 metros quando ouviu os tiros disparados contra a vítima. O PM prestou depoimento na noite no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
O celular dele foi apreendido, assim como de outros quatro PMs da escolta do empresário. Os cinco são investigados pela Corregedoria da Polícia Militar e estão afastados do serviço.
Após os disparos, a modelo deixou o local às pressas. Pessoas ligadas a Vinícius disseram à reportagem do UOL ter estranhado o fato de Maria ter saído às pressas do local ao ver o namorado caído, sangrando e praticamente morto na ala de desembarque do terminal 2 do maior aeroporto do Brasil, conforme apurou o colunista Josmar Jozino.
Casal se conheceu pelo Instagram
O casal namorava há cerca de um ano. Maria Paiva afirmou à polícia que conheceu Gritzbach por meio do Instagram. Em seu depoimento, ela contou que logo após se conhecerem iniciaram um relacionamento amoroso. A modelo disse que nunca recebeu ameaça de morte, mas revelou já tinha ouvido o empresário se queixar de ameaças que recebia.
Eles viajaram para Alagoas no dia 1º novembro. O casal estava acompanhado do motorista de Vinícius e de um segurança, o PM Samuel da Luz, detalhou Maria Paiva.
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Quero receberGritzbach desconfiou que estava sendo seguido durante a viagem. A namorada detalhou que na última quarta-feira (6) ele comentou que teria visto no local um homem muito parecido com um dos que o ameaçavam, mas achava que talvez não fosse pois não estava fumando, e que o homem que o ameaçava fumava bastante.
Eles costumavam frequentar festas e também tinham o hábito de viajar. A reportagem apurou que o empresário estava apaixonado por ela e a conheceu logo após terminar o relacionamento com a esposa dele.
Entenda o caso
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach era ameaçado de morte pelo PCC e pivô de uma guerra interna na facção criminosa. O empresário foi alvejado por quatro disparos no braço direito, dois no rosto, um nas costas, um na perna esquerda, um no tórax e um entre a cintura e a costela, pelo lado direito.
O veículo usado no crime foi abandonado nas imediações do aeroporto. Dentro dele, havia munição de fuzil e um colete à prova de balas.
Além de Gritzbach, outra pessoa morreu e duas ficaram feridas. O motorista Celso Araújo Sampaio de Novais, 41, foi levado para a UTI após ser atingido por um tiro nas costas, mas não resistiu e morreu no sábado (9). Samara Lima de Oliveira, 28, e o funcionário de uma empresa terceirizada do aeroporto, Willian Sousa Santos, 39, também foram socorridos ao Hospital Geral de Guarulhos.
Nenhum dos três tinha ligação com o empresário assassinado, disse a polícia. William sofreu ferimentos na mão direita e ombro e ficou em observação. Samara, atingida superficialmente no abdômen, já recebeu alta médica.
Gritzbach era ameaçado de morte e havia recompensa por sua execução. Ele era acusado de ser o mandante da morte de um narcotraficante ligado ao PCC e também por delatar ao Ministério Público de São Paulo policiais civis envolvidos em casos de corrupção. Em abril, ele entregou ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) um áudio de uma conversa entre dois interlocutores negociando a morte dele por R$ 3 milhões.
O empresário era réu pelos assassinatos de dois homens: Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, criminoso influente no PCC — além do motorista de Cara Preta, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. A dupla foi morta a tiros em dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Noé Alves Schaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado em janeiro de 2022, no mesmo bairro.
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