Idosa agredida, criança morta, jogado de ponte: PM escala violência em SP
A PM de São Paulo tem registrado uma escalada de violência nos últimos dias, que incluem uma mulher agredida, caso de assassinato com tiro pelas costas por agente de folga, uma criança de 4 anos morta em ação policial na Baixada Santista, e um homem sendo jogado de ponte em abordagem.
O que aconteceu
Uma idosa, 63, foi agredida por policial militar em Barueri, São Paulo. Vídeos gravados por testemunhas mostram a agressão durante a abordagem policial em que o filho dela também foi agredido, na noite de quarta-feira (4).
Rocam envolvida em casos de agressão e espancamento após perseguições. Só no último domingo (1º), agentes que fazem rondas com apoio de motos se envolveram em dois episódios de violência policial.
Na zona norte da capital paulista, um PM foi filmado dando socos e chutes em um motociclista. A gravação mostrou ainda a mulher que estava na garupa sendo puxada por um policial. Antes das agressões, o motociclista havia colidido e derrubado a moto de um policial enquanto tentava escapar. Questionada, a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) não informou se os agentes foram identificados ou afastados.
Também neste domingo, outra perseguição da Rocam terminou com um jovem sendo jogado de uma ponte na zona norte de São Paulo. A informação foi omitida no registro policial feito pelos agentes envolvidos no caso, segundo apurou o UOL. A vítima, que escapou da abordagem policial ao conduzir uma moto sem placa, sofreu ferimentos leves. A SSP-SP afastou 13 policiais envolvidos na ocorrência.
Vídeo gravou PM de folga matando jovem negro com tiro pelas costas. Gabriel Renan da Silva Soares foi assassinado por Vinicius de Lima Britto no dia 3 de novembro no Jardim Prudência, zona sul de São Paulo. O policial militar foi afastado da corporação. A Polícia Civil investiga o caso.
Não houve abordagem ou voz de prisão, simplesmente oito tiros em legítima defesa do racismo e do capital dos grandes conglomerados de exploradores. Não será mais um número estatístico.
Rapper Eduardo Taddeo, tio da vítima
Filho de 4 anos de vítima da Operação Verão foi morto a tiros em meio a uma ação policial em Santos. Ryan da Silva Andrade Santos, 4, era filho de Leonel Andrade, homem fotografado de muletas e sentado na calçada, um hora antes de ser morto há 10 meses. Segundo a PM, sete policiais envolvidos na ação foram afastados das ruas.
Perdi o marido e meu filhinho de 4 anos para a violência policial. Estou arrasada, eu perdi um pedaço de mim.
Beatriz da Silva Rosa, mãe de Ryan e esposa de Leonel
Onda de violência ocorre em meio a resolução para criar ouvidoria própria da SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo). Entidades de direitos humanos entendem que com o novo ouvidor, indicado pelo próprio secretário Guilherme Derrite, haverá risco de impunidade à violência policial.
O que dizem os especialistas
Isso é fruto de uma política de morte e vingança, constantemente legitimada pela maior autoridade de Segurança Pública do Estado, que é a SSP.
Claudio Silva, ouvidor das polícias de SP
O que nós devemos esperar? A segurança pública precisa ser urgentemente assunto de civis. A institucionalidade dos debates de segurança pública precisa ser apropriada. A polícia [de São Paulo] submete as pessoas que tratam como periféricos, pobres e negros, como em cidadãos de terceira classe de segunda categoria
Paulo César Ramos, autor do livro Gramática negra contra a violência de Estado
O governador de São Paulo [Tarcísio de Freitas] tem esse compromisso de fazer uma revisão. Se não fizer, não saberemos o que acontecerá. Se não houver uma medida preventiva, sabemos que isso [violência policial] continuará acontecendo
José Vicente da Silva Filho, coronel da reserva da PM-SP
41 comentários
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.
Cláudia Cristina Stein
Apenas sociopatas e psicopatas dirão que a Polícia Militar de São Paulo é uma polícia sadia e não sádica. Só pessoas de igual natureza irão aplaudir. Para viver em sociedade exige-se um comportamento legal, ou seja, cada cidadão entrega uma parcela de suas liberdades, do direito de vingança entre outras coisas ao Estado. O Estado não é vingativo é punitivo, sendo o agente policial o que prende e a isto se limita a sua função que deve ser exercida dentro de limites legais. Nesse governo despreparado vemos uma polícia ficcional, ao estilo de "Judge Dredd", filme em que Stallone assume o papel de um juiz que atua como policial, juiz e carrasco. É o que vem acontecendo em São Paulo. É o Apocalipse da PM.
Marco Antonio Carvalho dos Santos
O pior de tudo é que, se depender do governador, esses PMs citados deveriam ser condecorados e promovidos... é nossa realidade hoje...
Johnny Gonçalves
É preciso botar um freio nas PMs. A segurança pública já deixou de ser militarizada nos países desenvolvidos. O que temos no Brasil é um resquício da ditadura. Estão matando e agredindo civis inocentes e realimentando o ciclo da violência. Os verdadeiros barões do crime não moram nas periferias. Há despreparo, falta de treinamento e corrupção nas polícias. Tarcísio diz não está "nem aí". Dá carta branca a fardados com sérios desajustes psicológicos. O secretário Derrite tem 16 assassinatos nas costas. Para se ter uma ideia, o sujeito foi afastado da Rota poor excesso de mortes. O vice de Nunes diz que é correto tratar uma pessoa da periferia em relação a uma outra de bairro nobre. É cria de Bolsonaro, que iniciou esta onda de violência e contaminou o fígado de muitos brasileiros. Todas essas figuras são medievais. Polícia é para oferecer segurança, tranquilidade, não deve ser pavor da sociedade.