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Datena precisa deixar TV e rádio na terça se quiser ser vice de Covas em SP

Diego Padgurschi/UOL
Imagem: Diego Padgurschi/UOL

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

10/08/2020 19h49

A partir desta terça-feira (11), quem quiser disputar cargos na eleição de novembro não poderá apresentar programas na televisão e no rádio. E uma das pessoas sondadas para a disputa, o jornalista José Luiz Datena (MDB), ainda não anunciou se participará ou não da eleição para a Prefeitura de São Paulo. Agora, Datena precisa decidir se deixa ou não seus programas no Grupo Bandeirantes.

A eleição paulistana já vai tirar o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos-SP) de programas da Record TV. Na semana passada, o partido do parlamentar decidiu lançá-lo candidato a prefeito.

No caso de Datena, MDB e PSDB aguardam uma definição sobre se o jornalista quer ou não ser vice do atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), pré-candidato à reeleição. A única certeza que os dois partidos têm é que Datena já descartou a possibilidade de ser cabeça de chapa em uma candidatura majoritária do MDB, que já definiu aliança com o tucano.

"A probabilidade maior que existe agora é a de eu sair como candidato a vice-prefeito de São Paulo de um cara que eu gosto", escreveu o jornalista no início do mês.

TV e rádio ou urna?

Para ainda ser considerado uma opção para o pleito, Datena não poderá apresentar nesta terça o programa "Manhã Bandeirantes", na rádio Bandeirantes, a partir das 10h. Nem o "Brasil Urgente", da TV Bandeirantes, às 16h.

Ele também não poderá aparecer em nenhuma outra atração de rádio e televisão como apresentador ou comentarista até o final do período eleitoral. O primeiro turno está marcado para 15 de novembro.

Na última sexta-feira (7), Datena teve um encontro com o presidente nacional do MDB, o deputado federal Baleia Rossi, e também conversou com o governador paulista, João Doria (PSDB).

O jornalista não deu certeza sobre sua participação na eleição, mas, na conversa com o emedebista, chegou a dizer que estaria conversando com a direção do Grupo Bandeirantes a respeito, segundo o UOL apurou. "Está caminhando."

"Único problema"

A incerteza sobre Datena também está nas equipes de seus programas. Elas não sabem qual será a decisão do jornalista. "Hoje é o último dia, né, Agostinho [Teixeira, jornalista da rádio Bandeirantes], que eu posso falar aqui se eu me decidir ser candidato ou não", disse Datena nesta segunda (10) em seu programa de rádio.

Procurado, Datena não quis se manifestar sobre a eleição. O Grupo Bandeirantes também disse que não comenta o assunto. A emissora não confirma se ele vai ou não usar períodos de férias ou folgas neste momento, o que lhe daria mais tempo para pensar no assunto até a convenção do MDB, em 5 de setembro, quando o partido deverá apresentar seus candidatos.

Tirando o próprio Datena, ninguém sabe se, às 10h de amanhã, ele estará na rádio ou, às 16h, na televisão.

Em 1º de agosto, em entrevista à rádio Bandeirantes, Datena disse à apresentadora Cátia Fonseca que "ainda estava em séria dúvida com a política". "Meu único problema de política é sair da televisão e do rádio."

Vai ou não?

Com a mudança do calendário eleitoral em razão da pandemia do novo coronavírus, o prazo para candidatos não aparecerem na televisão e no rádio passou de 30 de junho para 11 de agosto.

No primeiro prazo, Datena —que já era especulado na ocasião para disputar a eleição pelo MDB— entrou no ar em seus programas do Grupo Bandeirantes. Hoje, no partido, não há certeza se ele vai repetir a ação e mostrar, por meio de seus programas, se participará ou não da corrida pela Prefeitura de São Paulo com Covas.

Nas eleições de 2016 e 2018, o jornalista também mudou de ideia sobre entrar na política. Há quatro anos, ele abriu mão de disputar a prefeitura paulistana pelo Progressistas. Já no último pleito, de disputar uma cadeira no Senado pelo Democratas. Em 2018, ele chegou a abandonar seus programas, mas mudou de ideia dias depois e voltou ao trabalho.

Enquanto isso

Pela imprevisibilidade do jornalista, PSDB e MDB acreditam que a situação ainda deverá se arrastar por mais tempo até uma definição.

Para os tucanos, o foco, porém, é fechar o arco de alianças, que já tem, além do MDB, Progressistas, Podemos, PSC, Partido Liberal, Cidadania, Democratas e PROS. Ainda há conversas com Avante, Solidariedade e PSD. Estes dois últimos, porém, deverão confirmar Marta Suplicy (Solidariedade) e Andrea Matarazzo (PSD) como adversários de Covas.

No PSDB, a hipótese de Datena ser vice é vista, em razão da popularidade do jornalista, como a possibilidade de Covas vencer a eleição em primeiro turno, como aconteceu com Doria em 2016. O atual governador foi o primeiro a conseguir mais de 50% dos votos válidos em primeiro turno na capital paulista desde a redemocratização.

Caso Datena desista de entrar na política de novo, o vice será decidido por Covas até perto da convenção tucana, prevista para 12 de setembro. Segundo o partido, a definição do nome caberá ao prefeito.