Curitiba: Delegado lavajatista quer apoio de Bolsonaro e distância de Richa
O deputado estadual Fernando Francischini atua em prol da reconciliação entre seu PSL e o presidente Jair Bolsonaro, atualmente rompido com o partido. Não só pela harmonia, mas pensando em sua própria candidatura à Prefeitura de Curitiba. "Felipe Francischini [seu filho, deputado federal eleito em 2018 e líder do PSL na Câmara] está diretamente envolvido nessa costura a meu pedido", diz ao UOL.
Francischini, 50, diz que ele e Bolsonaro atuaram juntos no "enfrentamento ao PT" e que ele se envolveu diretamente na campanha de Bolsonaro em 2018, como um dos coordenadores. "Sou o mais antigo dos deputados que foram com Bolsonaro para o PSL. Não há outro local com tanta identidade de princípios e valores do Bolsonaro como o PSL", afirma.
O parlamentar também é um notório defensor da Lava Jato. No ano passado, integrou várias manifestações em apoio à continuidade da operação e ao ex-ministro Sergio Moro. "Nós vamos às ruas todas as vezes que quiserem transformar o partido do [ex-presidente] Lula em inocente e perseguir a Lava Jato, o procurador Deltan [Dallagnol], o juiz Sergio Moro e todos aqueles poucos em que a gente ainda confia", afirmou em um discurso.
Em sua atuação na Câmara Federal, uma das principais bandeiras foi a PEC 412/2009, que trata da autonomia funcional e administrativa da Polícia Federal, ainda aguardando parecer da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Casa.
De portas abertas para Bolsonaro
Em agosto, com a dificuldade para formalizar o partido Aliança pelo Brasil, Bolsonaro confirmou que estaria discutindo a filiação com três legendas, entre elas um entendimento com o PSL. "Aqui no Paraná, fiz a minha parte, que era fazer a pacificação entre os deputados federais e estaduais. O Paraná é uma porta aberta para a volta do Bolsonaro. Se o presidente Luciano Bivar [do PSL] acenar, aqui já está preparado", afirma o parlamentar.
Em uma cidade historicamente mais conservadora na eleição de prefeitos, a confirmação do retorno do presidente ao PSL, mesmo que seja oficializada apenas após o pleito e não se transforme em apoio explícito a Francischini, é vista de forma positiva pelo pré-candidato. Em Curitiba, Bolsonaro teve 62% dos votos no primeiro turno e 76% no segundo, o equivalente a quase 800 mil de um universo de pouco mais de 1 milhão de votantes.
"Eu vejo com bons olhos a volta [do Bolsonaro]. Achava que ele não devia ter saído. Sou amigo do Bolsonaro antes desse período de confusão. Permaneci em silêncio, porque tenho uma situação diferente: sou muito próximo do presidente Bivar. O silêncio foi a melhor forma de gerir este período. Tinha dois amigos em conflito, que estão conversando. Tudo vale se mantivermos os princípios e valores que levaram à eleição do Bolsonaro: a defesa da família e a liberdade econômica", diz.
Para Francischini, porém, a eleição municipal é diferente, e os apoios não necessariamente se refletem em votos. "As pessoas querem saber como vai ficar a saúde no pós-pandemia, como os empregos serão recuperados. A influência é indireta, baseada no relacionamento do prefeito com o presidente da República e com o governador", afirma.
Com a convenção municipal do PSL marcada para 12 de setembro, Francischini confirma que "já tem uma candidatura posta", que deve reunir uma coligação de cinco partidos. "Não posso adiantar quais são, porque atrapalha as negociações que dependem de costuras nacionais do PSL", diz.
Apoio de Beto Richa
Se não esconde a proximidade com Bolsonaro, Francischini empurra o apoio de Beto Richa para Rafael Greca, prefeito de Curitiba e concorrente à reeleição pelo DEM.
O ex-governador do Paraná já foi denunciado pelo Ministério Público estadual no âmbito da Operação Quadro Negro (desvio de verbas da Secretaria de Educação) e pela força-tarefa da Lava Jato (corrupção ativa e passiva, fraude licitatória e lavagem de dinheiro na exploração e duplicação da PR-323).
Em sua carreira, Francischini atuou como secretário Antidrogas da Prefeitura de Curitiba, em 2009, quando estava no PSDB, e secretário de Segurança Pública entre 2014 e 2015, ambas gestões de Richa.
"Vejo o Beto distante da política. Está no período de fazer a sua defesa jurídica, à qual ele tem direito", diz Francischini. "Mas quem elegeu o atual prefeito [Greca, em 2016] foi o Beto com toda sua estrutura de governo e peso político. Ele teve uma grande influência na eleição do atual prefeito, que esconde isso e diz não querer vínculo com o Beto e com o PSDB."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.