"Eu sou filho de Eduardo, mas não sou apenas isso", diz João Campos
"Ele é meu pai, mas eu desejo construir a minha vida, poder trilhar o meu caminho", afirma João Campos (PSB), candidato à Prefeitura de Recife durante sabatina do UOL realizada em parceria com a Folha de S.Paulo.
Filho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo na campanha presidencial de 2014, ele lista o pai e o bisavô Miguel Arraes como "referências políticas".
O legado de Arraes é alvo de intensa disputa local, inclusive dentro da família: João Campos disputa o cargo com a prima, Marília Arraes (PT), com quem mantém uma rixa desde 2008.
"Eu espero que a gente possa compreender que nossas diferenças são muito menores que nossas convergências", disse João Campos sobre a situação partidária na capital pernambucana.
O candidato conta que, desde o ano passado, tem feito um diálogo muito intenso entre as legendas para discutir nacionalmente como a política deve interpretar o cenário da pandemia. "Não bastasse a crise econômica e social, tem uma crise sanitária sem precedentes."
O candidato à Prefeitura de Recife se diz uma pessoa de centro-esquerda, progressista, que defende como pauta central o enfrentamento da desigualdade. "O que me incomoda é uma discussão binária que o Brasil tem feito de maneira rasteira", disse.
"Essa polarização excessiva tira a profundidade do debate e acontece o que aconteceu em 2018, quando os problemas do Brasil não foram discutidos", completa.
Crédito popular e Segurança Pública
Uma das propostas de campanha de Campos é o empréstimo de R$ 3 mil, com quatro meses de carência, a mais de 10 mil famílias por ano. O objetivo é o de viabilizar a formalização, já que, para receber o crédito, as pessoas vão precisar abrir um Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas - CNPJ.
"No próximo ano, a partir do momento que for solucionado o desafio de saúde e da pandemia, emprego e renda serão desafios centrais", disse. Segundo o candidato, os valores estarão disponíveis também para pessoas negativadas.
Em relação à segurança pública, Campos se coloca como contrário à decisão de armar a guarda. "Isso não é o foco central da segurança, acho que o município deve ter um papel muito mais da prevenção", disse.
Sua proposta, afirma, é a construção de uma cidade "acolhedora, democrática, acessível, que seja bem iluminada e que gera oportunidade". "A prevenção pode ter um papel muito mais forte do que a repressão", disse. "Muita gente acha que a segurança está ligada ao armamento, e eu discordo disso", completa.
Líder nas pesquisas
Com 23% das intenções de voto, João Campos lidera a pesquisa Ibope divulgada no último dia 02. Ele é seguido por Mendonça Filho (DEM), que tem 19%, e por Marília Arraes (PT), com 14%.
Como a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, Campos e Mendonça Filho estão tecnicamente empatados. O candidato do DEM também está empatado com Marília.
Brancos e nulos somaram 22%. Já 7% não responderam ou disseram não saber em quem votariam.
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