De novo sem Greca, debate em Curitiba realça inconsistências de candidatos
Sem a presença do prefeito Rafael Greca (DEM), que não estava na segunda etapa do debate para a prefeitura de Curitiba da Band Paraná, as inconsistências de diversos candidatos foram exploradas. Depois da divulgação da última pesquisa Ibope, que colocou Greca com folga na liderança, o candidato à reeleição esteve no centro do debate, com críticas a sua forma de conduzir a capital, especialmente no transporte coletivo e na assistência social.
Com 16 interessados em assumir a administração municipal, o debate teve que ser dividido em duas etapas. Nesta quarta-feira (14), oito postulantes ao comando da capital do Paraná discutiram suas propostas: Carol Arns (Podemos), Christiane Yared (PL), Diogo Furtado (PCO), Eloy Casagrande (Rede), Goura (PDT), Leticia Lanz (PSOL), Professora Samara (PSTU) e Zé Boni (PTC).
No último dia 1º de outubro, 8 concorrentes foram sorteados, mas só 7 estiveram presentes: Camila Lanes (PCdoB), Dr. João Guilherme (Novo), Fernando Francischini (PSL), João Arruda (MDB), Marisa Lobo (Avante), Paulo Opuszka (PT) e Professor Renato Mocellin (PV). Greca não compareceu devido ao diagnóstico de covid-19.
Com uma candidatura pautada principalmente na mobilidade urbana, Goura afirmou que a prefeitura precisa modificar a condução do sistema de transporte público, pois hoje "serve mais ao interesse dos empresários do que a população". Em sua réplica, professora Samara questionou se ele se comprometeria em romper com os empresários - o contrato atual vence em 2025 -, já que o candidato foi assessor da secretaria de mobilidade na Gestão de Gustavo Fruet (PDT), entre 2012 e 2016.
Goura ressaltou que o próximo prefeito terá que conduzir esta renovação e que pretende focar na transparência. "Assim que assumirmos a prefeitura, o nosso compromisso é convocar os pesquisadores, vereadores e o Conselho Municipal de Transporte para deixarmos abertas essa caixa", disse. Uma das críticas à Rafael Greca está no fato de ter auxiliado os empresários do transporte com um socorro de R$ 180 milhões durante a pandemia.
Letícia Lanz aproveitou a inconsistência de Carol Arns, que já foi diretora de Planejamento da Fundação de Ação Social (FAS) em uma pergunta sobre pessoas em situação de vulnerabilidade social: "A senhora esteve à frente da FAS, que tem uma longa tradição assistencialista, resolvendo apenas os problemas do varejo, nunca atacando o problema do ponto de vista estrutural. A senhora pretende fazer a mesma coisa?"
Segundo Carol, o objetivo de um possível mandato seria incentivar e não esvaziar a FAS, "como aconteceu nesta gestão". "Precisamos dar mais autonomia para os servidores da FAS. Muitos colaboradores sabem como resolver situações, estão em contato com as comunidades e não têm a chance de agir como deveriam", afirmou.
Zé Boni e Christiane Yared protagonizaram discussão sobre o uso do fundo eleitoral. O candidato do PTC, que abriu mão dos recursos, questionou a deputada federal sobre o seu uso em campanha. "Eu uso o fundo partidário. É completamente transparente. De onde estão tirando esse recurso para suas campanhas os candidatos que não usam? Eu não acredito em Papai Noel. Está dentro da lei", respondeu. Zé Boni alegou que essa verba deveria ser destinada à saúde e à educação.
Dobradinhas
Alguns parlamentares aproveitaram a afinidade de ideias e de posicionamentos para formar dobradinhas. Goura e Eloy Casagrande trocaram questões sobre a retomada econômica pós-pandemia e a política de habitação da cidade, com foco na solução das ocupações irregulares. Ambos os candidatos ressaltaram a importância em recuperar os postos de trabalho perdidos, com ações de economia solidária e criação de arranjos sustentáveis, incluindo a integração com a Região Metropolitana.
Carol Arns e Christiane Yared também adotaram a mesma estratégia. Das três questões possíveis pelo regulamento do debate, as candidatas realizaram duas para a outra. Yared questionou Carol sobre o transporte coletivo e a respeito de pessoas em situação de vulnerabilidade. Da mesma forma, Carol Arns direcionou duas questões a deputada federal: Educação Infantil e criação de trabalho no pós-pandemia.
Fora ou fica, Bolsonaro?
Em um dos momentos mais aleatórios do debate, as polêmicas da política nacional integraram o debate da capital paranaense.
Zé Boni questionou Diogo Furtado (PCO) se ele conhecia o bairro Lamenha Pequena, no Noroeste da capital, que faz divisa com os municípios de Almirante Tamandaré e Campo Magro. Na resposta, Furtado abordou o tema pandemia e saúde, defendendo a criação de conselhos de saúde em bairros de periferia, já que houve poucos investimentos públicos por parte do poder público, em sua avaliação.
De acordo com Furtado, a classe operária precisa se organizar, pois não pode esperar de "Rafael Greca, dos golpistas e dos bolsonaristas algo. Só com o 'Fora, Bolsonaro' e fora os golpistas vamos conquistar algo no país", alegou. Zé Boni replicou pedindo que seus apoiadores colocassem fitas azuis em carros, motos e casas em alusão a sua campanha e finalizou: "Fica, Bolsonaro".
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